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Como funcionam as stablecoins?

As stablecoins são moedas digitais criadas para oferecer menos volatilidade. Entenda como elas funcionam e veja como investir nelas!

18 maio 2023

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3 MIN DE LEITURA

Por Equipe Investo

As criptomoedas surgiram no final de 2008, como uma resposta à crise financeira que havia sido iniciada nos Estados Unidos. Desde então, o mercado passou por mudanças relevantes e, após alguns anos, foram criadas as chamadas stablecoins. 

Elas têm um funcionamento diferente, já que estão menos suscetíveis às oscilações de preços, como ocorre com as moedas digitais sem lastro. Para decidir se elas podem ser oportunidades para compor a sua carteira, entretanto, é preciso compreender melhor suas características. 

A seguir, veja quais são as principais informações sobre as stablecoins e entenda como elas funcionam! 

 

O que são as stablecoins?  

As stablecoins são criptomoedas criadas para manter uma relação estável com um ativo de referência. Isso faz com que elas tenham uma espécie de lastro, ao contrário do que acontece com outras moedas digitais do mercado. 

Muitas das criptomoedas são redes descentralizadas baseadas na tecnologia do blockchain, mas a stablecoin é um tipo muito específico de criptomoeda: trata-se de um ativo digital com um valor fixo e definido, por isso seu objetivo é que o seu preço se mantenha constante, conforme o ativo utilizado para lastrear a sua existência. 

 

Como essas moedas digitais funcionam?  

Após conhecer o conceito, é interessante entender melhor a mecânica de funcionamento das stablecoins. Para tanto, é preciso começar sabendo que elas estão relacionadas a ativos diversos, como uma moeda fiduciária, ouro ou uma cesta de ativos variados. 

Existem quatro tipos de stablecoins, identificáveis por sua estrutura colateral: fiat-backed (lastro em moeda fiduciária), crypto-backed (lastro em criptomoedas), commodity-backed (lastro em commodities) e algorítmico (sistema algorítmico).   

No caso das stablecoins lastreadas em moedas fiduciárias, é possível encontrar alternativas baseadas no dólar, no euro e até no real, por exemplo. Geralmente, a paridade entre elas é definida em 1:1. Logo, cada token em circulação equivale a 1 unidade da moeda escolhida — como 1 dólar. 

Para isso ser possível, é preciso que a empresa ou entidade criadora da stablecoin tenha uma reserva de valor no ativo de referência. Se uma stablecoin é baseada na relação 1:1 para a moeda estadunidense, cada token em circulação deve representar 1 dólar nessa reserva de lastro. 

Por causa desse mecanismo, o funcionamento das stablecoins é relativamente semelhante às moedas convencionais. Afinal, os países costumam manter um lastro em ouro que seja equivalente à circulação de papel-moeda. 

Porém, as stablecoins se diferenciam também porque utilizam a tecnologia comum às outras moedas digitais. Muitas delas são construídas na rede blockchain, por exemplo. Desse modo, elas existem apenas digitalmente e são movimentadas por meio de uma rede segura e criptografada. 

 

Quais são as principais stablecoins do mercado?  

Entre as stablecoins existentes no mercado, há algumas que se destacam pela popularidade ou impacto que têm no setor. Por isso, vale a pena entender melhor quais são as alternativas disponíveis.  

De acordo com a Forbes, essas eram as principais stablecoins no começo de fevereiro de 2023: 

  • Tether (USDT); 
  • USD Coin (USDC); 
  • Binance USD (BUSD); 
  • Dai (DAI). 

 

Ao total, elas somavam mais de 137 bilhões de dólares em valor de mercado. A seguir, conheça melhor as duas maiores stablecoins do período! 

 

USDT 

O Tether ou USDT é uma stablecoin criada em 2014. Seu objetivo é manter o preço estável em 1 dólar, com o objetivo de prover estabilidade ao ativo. Ela foi criada pela Tether Limited, empresa que garante a criação da sua reserva em moeda fiduciária.  

Segundo a companhia, cada token que circula no mercado tem um dólar equivalente no estoque. No entanto, a empresa passou a ser alvo de controvérsias e desconfianças por parte do mercado, devido à falta de transparência em atestar o lastro dos criptoativos.  

Confira a evolução da cotação do tether ao longo dos anos: 

 

USDC 

Já a USD Coin foi criada em 2018. Ela também foi pensada para se manter estável com a equivalência de 1:1 para o dólar. As responsáveis por sua criação foram as empresas Circle e Coinbase, que também mantêm a reserva fiduciária para cada token em circulação. 

Ao contrário do que acontece com a empresa responsável pelo tether, as companhias que criaram a USDC oferecem mais transparência para os investidores acompanharem a manutenção da reserva. 

Veja a evolução gráfica da cotação do USDC: 

 

Quais são as vantagens e desvantagens de investir nessas moedas?  

Agora que você entende sobre as stablecoins e quais são as principais alternativas do mercado, vale saber mais sobre o investimento nelas. Como acontece com outras oportunidades do mercado financeiro, há pontos positivos e riscos que devem ser avaliados antes da sua tomada de decisão. 

A seguir, acompanhe os pontos positivos e os fatores de atenção antes de investir nessas moedas! 

 

Vantagens 

As stablecoins surgiram após o desenvolvimento inicial do mercado cripto, o que significa que a criação delas pode ajudar a atender necessidades que não são contempladas pelas moedas digitais tradicionais. Além disso, elas trazem outras vantagens comuns aos ativos desse tipo. 

Veja mais quais são as vantagens de investir em stablecoins! 

 

Volatilidade menor que outras criptomoedas 

Como você viu, as stablecoins foram criadas para manter o preço constante, já que elas estão lastreadas em outro tipo de ativo. Como elas não dependem apenas dos movimentos do mercado, elas apresentam menos oscilações no preço de negociação. 

Isso significa que a volatilidade dessas moedas costuma ser menor que a de criptomoedas não lastreadas, como bitcoin, ether e outros tokens. Para quem investe, essa pode ser uma forma de se expor a menos riscos, embora eles ainda existam. 

 

Diversificação da carteira 

Com o investimento em stablecoins, você também tem a chance de diversificar a carteira. Isso acontece porque essas moedas permitem que você tenha exposição a ativos diferentes do seu portfólio. 

Se você tiver uma carteira exposta ao real e investir em USDT, por exemplo, seu patrimônio ganha exposição parcial ao dólar. Isso ajuda a diluir os riscos porque evita que os recursos fiquem concentrados em um só mercado, por exemplo. 

 

Facilidade de transação 

Outra grande vantagem de uma stablecoin é a facilidade de transação. Como não é preciso contar com um banco para processar as operações, fica mais simples transferir os valores de um usuário para outro. 

Inclusive, a transação pode acontecer entre países sem grandes burocracias. É diferente de fazer um pagamento em dólar, a partir do Brasil — processo que envolve impostos e taxa de conversão. Se você quiser enviar 4 dólares, por exemplo, poderá transferir uma stablecoin com paridade na moeda americana, tornando o processo mais rápido, eficiente e barato. 

No caso das stablecoins que operam na estrutura de blockchain, a segurança é outra vantagem. Com essa tecnologia, há o registro e validação das operações de modo praticamente inviolável. Em algumas situações, as transações podem ser anônimas, o que ajuda a garantir mais privacidade aos usuários. 

 

Riscos 

Já em relação aos riscos, é preciso considerar que as stablecoins permanecem sendo criptoativos, então não há previsibilidade sobre o resultado delas. Além disso, há outras questões que podem exigir mais atenção antes de investir nessas alternativas. 

Na sequência, você entenderá melhor os riscos das stablecoins! 

 

Oscilação de preços 

Apesar de essas moedas digitais serem desenvolvidas para manter o preço estável, nem sempre isso acontece. O motivo é que, embora elas se equiparem aos ativos em que estão lastreadas, as stablecoins não são a própria moeda fiduciária, por exemplo. 

Então, em momentos de grandes oscilações do mercado, podem ocorrer alterações nos preços de uma stablecoin. Ainda, a atuação do Governo sobre suas políticas monetárias pode causar impactos nas condições da moeda fiduciária e, consequentemente, em sua criptomoeda atrelada. 

 

Menor descentralização 

Uma das principais características das criptomoedas tradicionais é a descentralização. Após o lançamento delas no mercado, é a própria rede que valida as transações e os preços são definidos pelo comportamento dos investidores. 

No caso das stablecoins, entretanto, tende a haver mais centralização. Afinal, a empresa que cria e lança uma criptomoeda desse tipo tem que manter o lastro do ativo, como a moeda fiduciária.  

Com isso, o funcionamento da moeda digital acaba se tornando mais centralizado, o que pode ser menos interessante para alguns investidores do que as criptos convencionais. 

 

Problemas de transparência 

Por causa da relativa centralização, as stablecoins podem apresentar problemas referentes à transparência. Isso acontece porque as empresas responsáveis devem ter o lastro adequado para manter o valor e a paridade da moeda digital. 

Porém, a transparência em relação às informações desse processo nem sempre existe. Se ocorrerem problemas com o lastro, o investimento pode se tornar mais arriscado e a moeda digital pode perder seu valor. 

A terraUSD (UST) era uma stablecoin baseada na criptomoeda luna, ambas da Terraform Labs. Embora a luna já tenha chegado a valer mais de US$ 120, em maio de 2022 houve uma perda de confiança por parte dos investidores no ecossistema da Terraform e em suas moedas. 

Com isso, houve um aumento significativo nas vendas de ambas as moedas digitais, o que fez com que elas perdessem praticamente todo o valor.  

Observe o gráfico que mostra a perda do valor de mercado da UST: 

 

Na prática, esse é um risco que pode incidir em todas as stablecoins, embora existam alternativas mais transparentes que outras. 

 

Como investir em stablecoins?  

Caso você tenha queira investir em stablecoins, vale a pena saber que existem algumas possibilidades para alcançar esse objetivo. A seguir, entenda quais são as principais possibilidades para realizar o aporte nessas alternativas! 

 

Investimento direto 

O investimento direto consiste na compra da stablecoin de interesse em uma instituição que a disponibilize. Essa é uma alternativa que pode envolver transações com empresas de fora do país, então é preciso estar atento. 

Até 2022, ainda não existia uma legislação federal regulamentando o mercado de criptoativos no Brasil. Porém, a Lei n.º 14.478 passou a regulamentar as prestadoras de serviços de ativos digitais, além de dispor sobre as diretrizes que devem ser observadas nesse mercado. 

 

Fundos multimercados 

Para fazer o investimento de modo indireto, você pode recorrer aos fundos multimercados. Eles são classificados assim porque não precisam atender a critérios de classificação específicos. Com isso, há mais liberdade para a definição da estratégia. 

Entre as possibilidades, há fundos multimercado que investem em stablecoins, com graus diferentes de exposição aos ativos. Assim, você pode escolher o veículo financeiro mais adequado para atender às suas necessidades, considerando a forma de se expor a esse tipo de moeda digital. 

 

Fundos de índice 

Os fundos de índice, também chamados de exchange traded funds (ETFs), visam replicar o desempenho de um índice de referência. Para isso, eles costumam espelhar a carteira teórica do índice utilizado, investindo nos mesmos ativos e na mesma proporção. 

Com um ETF de criptoativos, você pode ter exposição às stablecoins sem precisar investir diretamente nelas. Ademais, as cotas desses fundos são negociadas na bolsa de valores, o que pode aumentar a liquidez delas. 

 

O que analisar antes de investir em stablecoins?  

Até aqui, você compreendeu que existem diferentes formas de investir em stablecoins. Antes de escolher uma delas, entretanto, é preciso ter atenção com questões importantes referentes a esse tipo de oportunidade. 

Na sequência, descubra o que você deve analisar antes de investir em stablecoins! 

 

Perfil de investidor 

O primeiro passo para decidir se vale a pena investir em stablecoins é considerar o seu perfil de investidor. Embora elas sejam menos voláteis que as moedas digitais tradicionais, essas alternativas ainda apresentam um risco mais elevado que ativos convencionais. 

Por isso, é preciso verificar se você tem capacidade de suportar os riscos desse tipo de investimento. Essa oportunidade também pode ser interessante se você estiver em busca de diversificação, com aporte de apenas uma pequena parcela do patrimônio nas stablecoins. 

 

Objetivos financeiros 

Antes de investir, também é essencial verificar os seus objetivos financeiros. Em geral, o investimento em criptomoedas é feito pensando na valorização do token, permitindo realizar a venda com lucro. No caso das stablecoins, esse não é o foco devido às suas particularidades. 

Então você pode querer investir para diversificar seu portfólio ou para fazer transações com mais facilidade, por exemplo. Outro ponto relevante é analisar como esse tipo de investimento se encaixa em sua estratégia e como ele pode ajudá-lo a alcançar os seus objetivos financeiros. 

 

Situação do mercado 

Ainda, você precisa considerar a importância de avaliar o mercado de criptomoedas antes de investir em stablecoins. Isso significa que é crucial conhecer bem o setor e as oportunidades que ele oferece. Desse modo, você poderá entender se faz sentido se expor a esse tipo de ativo e quais oportunidades é possível aproveitar. 

Embora não seja possível prever como o setor se comportará, é essencial ter uma visão geral do momento. Dependendo do caso, pode fazer mais sentido investir em outros tipos de criptomoedas e não nas stablecoins — por isso, a análise é essencial. 

Com essas informações, você descobriu o que são as stablecoins e como esses criptoativos funcionam. Ao entender mais sobre esses ativos, será possível avaliar as alternativas e definir se vale a pena realizar esse tipo de investimento. 

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