Os fundos de investimento se dividem entre os que contam com gestão ativa e os que atuam com gestão passiva. Entenda como cada uma delas funciona e como isso afeta as suas estratégias.
Antes de entender a gestão ativa e passiva nos fundos de investimento, é preciso saber o que é um benchmark. A palavra significa índice de referência e diz respeito a um parâmetro utilizado por alguns fundos para orientar a alocação de ativos.
Por exemplo, um fundo de ações pode ter como guia de referência o Índice Bovespa (Ibovespa) — o principal índice para conhecer o desempenho médio das ações do Brasil. Esse benchmark é composto pelos papéis com maior volume de negociação da B3, a bolsa de valores brasileira.
Já um fundo de renda fixa pode ter como benchmark o CDI (Certificado de Depósito Interbancário), por exemplo. Se um banco precisa de dinheiro, ele o pega emprestado com outra instituição e paga juros por isso. A taxa DI é a média desses juros, calculada diariamente pela Cetip e, muitas vezes, usada como sinônimo de CDI.
Nesse modelo de gestão, o produto conta com gestores especializados para selecionar alternativas que busquem um desempenho acima dos principais índices do mercado.
Por exemplo, um fundo do tipo “ações livre” tem como característica tentar superar os índices tradicionais de ações. Seus gestores, portanto, operam ativamente no mercado comprando papéis em busca dessa rentabilidade. Logo, esses fundos tendem a ter maior volume de negociações ao longo do tempo. Por essa razão, a taxa de administração cobrada nesse tipo de gestão costuma ser maior que as cobradas em gestões passivas. Além disso, pode ser cobrada uma taxa de performance quando seu desempenho supera o benchmark, como incentivo para o trabalho dos profissionais.
Também vale citar como exemplo de modalidades com gestão ativa os fundos multimercados. O motivo é que seus gestores alocam diversos tipos de alternativas, como ações, títulos públicos, câmbio, derivativos etc. Trata-se de uma estratégia que se pauta na busca por superar os benchmarks.
Confira os prós e contras desse modelo:
Flexibilidade: A principal vantagem da gestão ativa é a flexibilidade. Os gestores podem alterar a composição do portfólio para se adaptar às condições do mercado e identificar oportunidades que podem não estar refletidas no benchmark.
Adaptação ao Cenário Econômico: Com a capacidade de ajustar rapidamente a estratégia, a gestão ativa permite que o fundo se adeque melhor a mudanças econômicas e condições de mercado, oferecendo uma abordagem mais dinâmica.
Conhecimento Especializado: A gestão ativa permite que investidores se beneficiem de estratégias e insights específicos que podem não ser acessíveis em uma abordagem passiva, potencialmente maximizando oportunidades em áreas menos evidentes.
A gestão ativa oferece ao cotista a possibilidade de retornos mais altos que os índices de referência, por esse ser seu foco principal. Apesar disso, é importante ressaltar que a superação do benchmark por parte dos gestores ativos é uma tarefa de difícil execução, especialmente no longo prazo – o que nos leva a considerar os desafios e riscos associados a essa abordagem a seguir.
Desafios de Superar o Benchmark: Embora a gestão ativa ofereça a possibilidade de retornos superiores, superar o benchmark consistentemente é desafiador. Muitos fundos ativos não conseguem resultados superiores ao benchmark, especialmente após os custos.
Custos Mais Elevados: Fundos com gestão ativa geralmente têm taxas de administração e de performance mais altas comparadas aos fundos de gestão passiva, o que reduz a rentabilidade de forma significativa no longo prazo.
Transparência: Fundos com gestão ativa podem ser menos transparentes, com a legislação brasileira permitindo um atraso de seis meses na divulgação dos resultados, o que pode dificultar a avaliação contínua do desempenho.
Na gestão passiva, o objetivo é replicar o desempenho de determinado índice de referência. Um fundo desse tipo pode, por exemplo, atrelar sua busca por rendimentos que acompanham o Ibovespa.
A gestão de fundos passivos consiste, portanto, em montar o portfólio de uma maneira proporcional ao índice de referência, selecionando ativos de forma a acompanhar o desempenho de sua carteira teórica. Os volumes e quantidades podem ser alterados, mas a ideia é se aproximar do desempenho do benchmark.
Como exemplo, citamos os ETFs (exchange traded funds). Esses fundos negociados em bolsa de valores geralmente adotam estratégias passivas de investimento, acompanhando o retorno de algum mercado, setor ou característica determinada no índice de referência.
Veja quais são as vantagens e desvantagens desse tipo de gestão nos fundos de investimentos!
Eficiência de Retornos: A gestão passiva visa replicar o desempenho de um índice de referência, o que resulta em retornos que acompanham determinado mercado, sem as perdas potenciais associadas a decisões de investimento ativas.
Transparência: Fundos passivos têm uma abordagem clara e direta, tornando mais fácil para os investidores entenderem como o fundo está estruturado e quais ativos ele possui.
Custos Reduzidos: Fundos passivos geralmente têm taxas mais baixas, uma vez que não requerem gestão ativa contínua e frequente negociação de ativos, resultando em menor impacto sobre os retornos.
Menor Flexibilidade: Fundos passivos não podem se ajustar rapidamente às mudanças do mercado ou condições econômicas, pois seguem rigidamente o índice de referência, o que limita a capacidade de responder a novas oportunidades ou riscos.
Dependência do Índice: A gestão passiva está atrelada ao índice de referência, o que impede a possibilidade de investir em empresas fora do índice. Isso pode limitar a diversificação e a inclusão de oportunidades que não estão refletidas no índice.
A resposta depende de fatores individuais, que devem ser analisados para uma decisão consciente. Se o seu objetivo é acompanhar de perto o desempenho de um índice e obter retornos que refletem o mercado, a gestão passiva pode ser a escolha ideal. Essa abordagem oferece eficiência de custos e transparência, sendo vantajosa para investidores que buscam um desempenho alinhado ao índice de referência, com menor impacto de taxas e uma estrutura clara.
Por outro lado, se você valoriza estratégias personalizadas e acredita na capacidade de gestores para identificar oportunidades específicas que podem não estar refletidas no benchmark, a gestão ativa pode ser considerada. Embora a gestão ativa tenha o potencial de gerar retornos superiores, ela envolve custos mais altos e um risco adicional associado à complexidade das decisões de investimento, o que pode resultar em uma relação custo-benefício menos favorável em comparação com a gestão passiva.
Além disso, a gestão passiva tende a apresentar menor volatilidade e riscos associados a decisões erráticas, proporcionando uma abordagem mais estável e previsível. A simplicidade e transparência da gestão passiva facilitam a compreensão do portfólio e do desempenho esperado. Em contraste, a gestão ativa pode ser mais complexa e menos transparente, exigindo um acompanhamento mais atento das estratégias e decisões dos gestores.
Em suma, a escolha entre gestão passiva e ativa deve levar em conta seus objetivos de investimento, tolerância ao risco, e a importância de custos e transparência. Para muitos investidores, os fundos de gestão passiva, como os ETFs, oferecem uma solução robusta e eficiente, alinhada com o mercado e com menor impacto financeiro. Avaliar cuidadosamente suas prioridades e preferências é essencial para fazer a escolha que melhor atende às suas necessidades de investimento.
Tenha em mente que apesar de avaliar as características e buscar o melhor tipo de gestão para um fundo de investimentos, você não precisa se prender a apenas um deles. Em uma estratégia diversificada, é possível ter ambas as alternativas na carteira. Veja como as abordagens se alinham aos seus diferentes objetivos no mercado financeiro e selecione os fundos mais adequados ao seu caso.