Eleições nos EUA: quais os impactos nos investimentos e como se preparar?

As eleições nos EUA são importantes para quem investe, especialmente a presidencial. Por ser a maior economia do mundo, qualquer mudança política significativa nos Estados Unidos pode desencadear uma série de reações em mercados globais. 

Portanto, independentemente da estratégia de exposição do portfólio, pode ser relevante entender os impactos da disputa eleitoral americana nos investimentos. Por isso, trouxemos neste artigo os principais pontos para explicar como as eleições nos EUA podem afetar os mercados financeiros globais e quais são as estratégias que os investidores costumam adotar para se preparar. 

Boa leitura! 

Qual é o atual cenário eleitoral dos EUA? 

Assim como em outros países, os Estados Unidos vivem uma era de intensa polarização política. Embora o país conte com mais de 30 partidos políticos, historicamente, as eleições são dominadas quase exclusivamente pelos partidos Democrata e Republicano. 

Os democratas são tidos como o partido liberal americano. Até meados de 2024, eles tinham como candidato Joe Biden, que concorria à reeleição com o objetivo de permanecer na presidência por mais um mandato de quatro anos. No entanto, nos últimos dias, o atual presidente dos Estados Unidos anunciou sua desistência da candidatura, declarando apoio para que a vice-presidente, Kamala Harris, se torne a indicada do partido. 

Já os republicanos são conhecidos como o partido conservador americano, tendo como candidato em 2024 o ex-presidente dos EUA, Donald Trump. Biden e Trump disputaram a presidência em 2020, com a vitória de Biden tendo sido contestada por Trump. A razão é que as eleições presidenciais nos EUA são realizadas de forma indireta, em que o presidente é escolhido com base no número de delegados conquistados em cada estado. 

No total, existem 538 delegados com direito a voto, e eles não são obrigados a votar conforme a escolha do estado. Para ser eleito, o presidente precisa de uma maioria absoluta de delegados — ou seja, pelo menos 270 votos.  

A dinâmica do processo eleitoral permite que haja uma discrepância entre a votação popular e o resultado obtido junto aos delegados. Isso significa que nem sempre o candidato mais votado pela população é aquele que assume a cadeira mais importante da Casa Branca. 

Qual é o impacto das eleições norte-americanas nos investimentos? 

Após ver um panorama da situação eleitoral nos EUA, você deve entender qual é o impacto do pleito norte-americano nos investimentos.  

Apesar de sua força, desde a pandemia de covid-19 (em 2020) até a metade de 2024, os EUA enfrentaram obstáculos econômicos significativos. Eles incluem a inflação persistente, altas taxas de juros e complexidades nas relações comerciais internacionais — especialmente diante da guerra entre Ucrânia e Rússia. 

Inflação 

A inflação nos Estados Unidos é medida pelo IPC (Índice de Preços ao Consumidor). Ele reflete a variação dos preços de uma cesta de bens e serviços típicos consumidos pelas famílias. Confira um gráfico com a evolução da inflação no país em um período de 5 anos: 

As decisões políticas e econômicas adotadas pelo presidente dos EUA tendem a impactar a inflação da nação. Por exemplo, reduções de impostos ou aumentos dos gastos governamentais são fatores capazes de causar uma elevação da demanda por bens e serviços — contribuindo para um cenário inflacionário. 

Taxa de juros 

Para controlar a alta da inflação americana, especialmente em 2022, o Fed (Federal Reserve) iniciou uma política monetária contracionista, elevando as taxas de juros do país. Em julho de 2023, elas ficaram no intervalo entre 5,25% e 5,5% ao ano, com previsão de início de corte de juros a partir de setembro de 2024. 

Veja um gráfico da evolução dos juros nos EUA em um período de 3 anos: 

Com juros mais altos, os títulos de renda fixa americanos se tornam uma opção atrativa para quem investe. Afinal, por estarem atrelados a uma economia robusta e previsível, esses investimentos são considerados seguros. 

Nesse cenário, é comum observar quedas nas bolsas de valores de países emergentes, como o Brasil, já que muitos investidores migram seus recursos para o mercado americano. Ações, FIIs (fundos imobiliários) e demais alternativas nacionais de renda variável costumam registrar perdas. 

Relações comerciais internacionais 

As eleições nos EUA também costumam impactar as relações comerciais do país no âmbito internacional, gerando reflexos nos investimentos. O motivo é que, a depender do candidato que assume a cadeira presidencial, os rumos da diplomacia americana mudam. 

Por exemplo, um presidente com uma postura mais protecionista pode adotar políticas que restringem o comércio internacional e aumentam tarifas. Já um chefe de Estado com uma abordagem globalista pode buscar fortalecer as alianças comerciais e reduzir barreiras mercantis. 

Os Estados Unidos também exercem forte influência em conflitos no mundo, sejam comerciais ou bélicos. Entre os exemplos, estão a guerra entre Ucrânia e Rússia — que começou em 2022 — e entre Israel e Hamas, iniciada no fim de 2023. 

As tensões no Leste Europeu e as sanções aplicadas pelos EUA e demais países da Europa à Rússia trouxeram grandes impactos nos preços de commodities, especialmente o petróleo. Nos primeiros meses de guerra, por exemplo, o preço do barril ficou próximo a US$ 120. 

Confira o histórico das cotações:  

Vale dizer que, durante o período eleitoral nos EUA, costuma haver muita especulação no mercado. Afinal, expectativas são criadas sobre qual candidato estaria à frente na disputa e sobre suas propostas. Assim, muitos ativos tendem a apresentar preços erráticos, sendo importante se proteger. 

Como proteger uma carteira de investimentos nesse período? 

As eleições nos EUA podem trazer oscilações para os mercados globais, refletindo nos investimentos e, consequentemente, na carteira de quem investe. Nesse sentido, saiba o que fazer para evitar grandes perdas no período. 

Portfólio adequado 

Montar um portfólio de investimentos alinhado ao seu perfil de risco e conhecimento de mercado é essencial para navegar por períodos de incerteza, como o das eleições. Em vez de focar no acompanhamento constante do mercado, é mais importante que seus investimentos reflitam sua tolerância ao risco, objetivos financeiros e horizonte de tempo. Assim, você estará sempre preparado para enfrentar volatilidades sem a necessidade de ajustes constantes. 

Para isso, o interessante é balancear de forma inteligente o percentual de renda fixa e renda variável da carteira, calibrando a quantidade de exposição a ativos mais voláteis conforme o objetivo de utilização do recurso. Por exemplo, investidores com um horizonte de longo prazo podem optar por uma maior exposição a renda variável, aproveitando o potencial de crescimento, enquanto aqueles com objetivos de curto prazo podem preferir a estabilidade oferecida pela renda fixa. 

Diversificação 

A diversificação é a estratégia mais adequada para proteger a sua carteira contra grandes oscilações e perdas financeiras. Ela consiste na distribuição do seu capital em mais de uma classe de investimento, para que ele não fique concentrado em apenas um tipo de ativo. 

Contudo, a seleção de investimentos não deve ocorrer sem critério, pois assim você estaria apenas pulverizando seu patrimônio. Na realidade, é importante procurar ativos que não apresentem correlação entre si ou que estejam descorrelacionados. 

A proposta é eles apresentarem resultados diferentes, mesmo quando submetidos às mesmas condições de mercado. Desse modo, ainda que algumas das alternativas tenham resultado insatisfatório ou negativo, os ganhos com outros ativos podem reduzir ou superar a perda. 

Dolarização 

Eventos como as eleições norte-americanas são conhecidos por causar certa volatilidade de curto prazo nas taxas de câmbio. Por isso, é crucial considerar a dolarização do patrimônio como uma estratégia de proteção a longo prazo. Expor parte da sua carteira à moeda americana pode oferecer uma proteção cambial significativa e diversificação, ajudando a mitigar riscos associados a flutuações econômicas e políticas internas. 

Isso não significa necessariamente comprar dólares em espécie. Você pode optar por investimentos em ativos dolarizados, como ações de empresas americanas, ETFs (fundos negociados em bolsa) que replicam índices dos EUA, ou fundos de investimento no exterior. Esses investimentos são negociados em dólar e proporcionam uma exposição eficiente à economia americana, que tem um histórico de estabilidade e crescimento a longo prazo. 

Porém, comprar dólares diretamente e enviar recursos para o exterior pode envolver custos e burocracias adicionais, como spread e IOF e procedimentos distintos para declaração de imposto de renda. Para evitar isso, uma alternativa viável é investir em produtos financeiros disponíveis no mercado nacional que possuem exposição ao dólar. Por exemplo, ETFs listados na B3 que acompanham índices internacionais oferecem uma maneira eficiente de obter essa proteção cambial sem a necessidade de remessa de capital para fora do país. 

Veja! 

WRLD11  

O WRLD11 é um fundo que replica, no Brasil, o ETF VT (Vanguard Total World Stock), negociado em dólar na NYSE (New York Stock Exchange). Ele é composto por mais de 9 mil empresas do mundo todo, garantindo a dolarização e a diversificação neutra global no mesmo investimento. 

USTK11 

Já o USTK11 é um ETF que espelha o fundo de índice VGT (Vanguard Information Technology), também presente na bolsa de valores de Nova York. Na sua composição, há mais de 300 empresas americanas do setor da tecnologia — um segmento pouco representativo no Brasil. 

ALUG11 

Por sua vez, o ALUG11 é um ETF para quem deseja se expor ao mercado imobiliário dos EUA. Ele traz uma performance semelhante ao do ETF VNQ (Vanguard Real Estate) da NYSE, investindo em mais de 159 REITs (real estate investment trusts). 

USDB11 

Para quem tem interesse em aproveitar as altas taxas de juros nos EUA, o fundo de índice USDB11 é uma alternativa. Ele replica o ETF BND (Vanguard Total Bond Market ETF) da NYSE, investindo em mais de 10 mil títulos de renda fixa americanos de alta qualidade, em títulos públicos ou corporativos com grau de investimento. 

Vale dizer que as cotas desses fundos são adquiridas sem a necessidade de comprar dólares ou enviar o dinheiro para o exterior. Além disso, todos eles contam com exposição à moeda norte americana e possuem carteiras diversificadas com rebalanceamento automático, contribuindo para a proteção do seu portfólio. 

Neste conteúdo, você aprendeu como as eleições nos EUA podem impactar seus investimentos e o que fazer para se proteger. Considerar estratégias como a diversificação e a dolarização do seu patrimônio permite evitar as perdas geradas por períodos de volatilidade e incertezas no mercado nacional ou global. 

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