O Índice Bovespa, ou simplesmente Ibovespa, é o principal indicador de desempenho das ações negociadas na B3, a bolsa de valores brasileira. Nesta quarta-feira, dia 21, o índice rompeu os 137.000 pontos, renovando sua máxima intraday pelo terceiro dia seguido. Agosto tem sido um mês excepcional para a bolsa brasileira, acumulando alta de mais de 7% – em contraste com os 3,19% acumulados até agora ao longo do ano de 2024.
O índice é amplamente utilizado como um termômetro da economia brasileira, refletindo o desempenho das empresas mais negociadas e líquidas do mercado. A maioria dos investidores acompanha a evolução do Ibovespa em reais, mas poucos consideram o impacto da variação cambial na avaliação do desempenho do índice. Neste artigo, vamos explorar porque é fundamental visualizar também o Ibovespa em dólares, para obter uma perspectiva mais clara e realista da sua performance.
A moeda brasileira, o real, é conhecida por sua volatilidade frente ao dólar, a moeda de reserva mundial. Fatores internos, como políticas econômicas, inflação, e crises políticas, combinados com fatores externos, como o desempenho da economia global, influenciam fortemente a taxa de câmbio entre o real e o dólar.
Mas mais importante do que essa volatilidade de curto prazo é a comparação das duas moedas em relação à sua inflação histórica. O real, ao longo dos seus 30 anos de existência, tem se mostrado uma moeda muito mais fraca em termos de perda de poder de compra quando comparada ao dólar americano, que historicamente apresenta uma inflação bem mais controlada.
Período analisado: 01/01/2008 a 31/07/2024. Fonte: Quantum. Elaboração: Investo
Essa diferença de inflação entre as duas moedas explica uma parte dos motivos pelo qual o dólar, no longo prazo, tende a se valorizar mais que o real. O gráfico abaixo mostra a evolução da inflação brasileira medida pelo IPCA nos últimos anos e a evolução do preço do dólar em reais.
Contudo, é importante notar que as taxas de câmbio também são influenciadas por outros fatores, como políticas monetárias, taxas de juros, fluxos de capitais, incertezas políticas, entre outros, o que pode fazer com que o câmbio se desvie temporariamente dessa tendência teórica.
Período analisado: 01/01/2008 a 31/07/2024. Fonte: Quantum. Elaboração: Investo
A inflação é um fator central na análise do Ibovespa em reais. Quando a inflação está alta, os preços das ações podem subir em reais, mas isso não significa necessariamente que o valor real das empresas esteja aumentando. Pelo contrário, pode significar que os preços das ações estão apenas acompanhando a alta dos preços na economia, sem uma valorização real.
Quando observamos o Ibovespa em dólares, esse efeito inflacionário é atenuado. A desvalorização do real frente ao dólar tende a refletir, em parte, o impacto da diferença de inflação no longo prazo, resultando em um índice mais baixo quando convertido para a moeda americana. Dessa forma, o Ibovespa em dólares oferece uma visão mais limpa e desinflacionada do mercado, permitindo uma análise mais precisa do desempenho real das empresas, próxima do que seria o retorno real dos nossos investimentos caso o Brasil tivesse uma moeda mais forte e menos sujeita a grandes desvalorizações.
Ter esse tipo de visão é especialmente relevante em economias emergentes, onde a inflação pode corroer substancialmente os retornos dos investimentos ao longo do tempo.
Período analisado: 01/01/2008 a 20/08/2024. Fonte: Quantum. Elaboração: Investo
Quando observamos o gráfico de evolução do Ibovespa em dólares desde janeiro de 2008 é possível perceber que sua máxima histórica continua sendo no dia 19/05/2008, quando o índice em dólares atingiu 44.616,04 pontos.
Além disso, ao considerar o Ibovespa em dólares, os investidores podem avaliar como o mercado brasileiro se comporta em um cenário global, comparando seu desempenho com outros índices de mercados desenvolvidos. Se o Ibovespa em dólares está em alta, isso indica que as empresas brasileiras estão globalmente ganhando valor, mesmo quando comparadas a seus pares internacionais. Por outro lado, se o Ibovespa em reais está em alta, mas em dólares está estagnado ou em queda, isso pode sinalizar que o crescimento tem grande componente inflacionário.
Para investidores estrangeiros ou para brasileiros que possuem patrimônio dolarizado, o Ibovespa em dólares é uma métrica crucial. Esses investidores estão menos preocupados com o desempenho em reais e mais interessados em como o mercado brasileiro se comporta em termos globais. Um Ibovespa em dólares mais estável ou em crescimento pode atrair mais investidores internacionais, que buscam mercados com retornos reais positivos e menores riscos cambiais.
Ao desconsiderar o efeito da volatilidade cambial e da inflação brasileira, o Ibovespa em dólares se torna uma ferramenta poderosa para avaliar o valor real das empresas brasileiras e entender como elas estão se posicionando no cenário global.
Quando o investidor observa o Ibovespa em dólares, ele não apenas obtém uma visão mais clara do desempenho do mercado brasileiro, mas também percebe a importância de diversificar os investimentos globalmente. Uma carteira internacional protege o investidor das flutuações cambiais e da inflação doméstica, oferecendo uma exposição a economias mais estáveis e moedas mais fortes. Assim, investir internacionalmente se torna uma estratégia crucial para mitigar riscos e potencializar retornos no longo prazo.
Entender a evolução da bolsa brasileira em dólares não é apenas uma questão de ter uma perspectiva diferente, mas sim de buscar uma visão mais completa e precisa do mercado brasileiro. E para aqueles que realmente querem entender o desempenho de seus investimentos no Brasil, essa é uma análise que não pode ser negligenciada.
Observe a diferença de retornos de um investidor que optou por investir na bolsa brasileira em relação a um investidor que escolheu investir globalmente, em uma carteira que replica o desempenho de empresas do mundo inteiro (utilizando o ETF WRLD11):
Período analisado: 26/06/2008 a 20/08/2024. Fonte: Quantum. Elaboração: Investo. Dados do WRLD11 foram aproximados pelo ativo alvo no exterior, em reais (VT).
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