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Selic em 11,25% ao ano: O que isso significa para estratégias de renda fixa?​

Descubra como a alta da taxa Selic impacta os investimentos em renda fixa e por que manter uma estratégia de longo prazo é essencial

08 nov 2024

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3 MIN DE LEITURA

Por Raquel Zucchi, Head of Research da Investo

A taxa Selic, que já subiu para 11,25% ao ano, está no radar dos investidores. De acordo com as previsões do mercado, é possível que ela atinja 11,75% até o final de 2024, conforme o cenário econômico atual. Mas, afinal, o que isso muda para quem investe em renda fixa? A resposta pode parecer contraintuitiva para alguns, mas é simples: não mude drasticamente sua estratégia a cada nova decisão do Banco Central. 

A Selic, como taxa básica de juros, afeta todas as demais taxas da economia, especialmente nos produtos de renda fixa. Em um cenário de alta, ativos pós-fixados, como o Tesouro Selic e CDBs atrelados ao CDI, tornam-se mais atrativos, pois seu rendimento acompanha o aumento desta taxa de juros. No entanto, é importante entender que essas mudanças já são amplamente antecipadas pelo mercado e muitas vezes estão refletidas nos preços dos demais ativos antes mesmo que o Banco Central divulgue oficialmente suas decisões. 

O perigo de reações impulsivas 

Investidores que tentam ajustar suas carteiras a cada novo movimento do Copom correm o risco de tomar decisões precipitadas.

“Mudar de estratégia de forma constante pode gerar custos elevados e perdas financeiras”

Por exemplo, a alta da Selic pode influenciar, em certa medida, taxas de prazos diferentes e provocar a desvalorização de títulos prefixados ou atrelados ao IPCA, devido à marcação a mercado. Mas, para quem tem um horizonte de longo prazo, vender nesse momento pode significar consolidar prejuízos desnecessários. Ao contrário, manter os títulos até o vencimento permite ao investidor colher a rentabilidade esperada desde o início, sem a necessidade de realizar perdas temporárias.  

Para os investidores que preferem não contar com a variação de preços antes do vencimento, é possível focar nos títulos totalmente pós-fixados, que ajustam automaticamente sua rentabilidade conforme a taxa varia, sem sofrer com a marcação a mercado, o que protege o investidor de flutuações inesperadas na taxa. Portanto, se o seu principal objetivo é segurança e estabilidade, os ativos pós-fixados são uma excelente escolha em qualquer ciclo monetário, pois acompanham as variações da Selic sem prejuízo ao investidor. 

A importância de uma estratégia de longo prazo 

No contexto de alta de juros, é comum pensar que devemos reagir rapidamente às mudanças, mas essa abordagem pode ser prejudicial. A história mostra que, mesmo gestores profissionais têm dificuldades em acertar previsões de curto prazo e girar a carteira de modo a superar a rentabilidade média de mercado.

Estudos como o SPIVA, da S&P Global, que avalia a performance de fundos de gestão ativa, mostra que a maioria dos gestores não consegue superar seus benchmarks, mesmo em renda fixa, onde se espera uma maior previsibilidade. No relatório de dezembro de 2023, constatou-se que em 5 anos mais de 70% dos fundos de renda fixa perdem para seus índices de referência. Em 10 anos, esse número sobe para mais de 90%. Se fosse trivial operar com ativos conforme as decisões do Copom, imagina-se que o resultado seria bem diferente. 

Além disso, muitos dos impactos da alta de juros já estão refletidos nos preços dos ativos. Por isso, movimentar sua carteira a cada nova expectativa pode gerar custos de transação e perda de oportunidades de ganho no longo prazo.

“A melhor estratégia é focar no seu objetivo de investimento e no seu perfil de risco”

Manter uma estratégia de investimento baseada em seus objetivos é sempre mais eficaz do que tentar “adivinhar” os movimentos do Copom. A renda fixa oferece diversas oportunidades para diferentes perfis de investidor, desde aqueles que buscam segurança com o Tesouro Selic até os que desejam retornos maiores com papéis atrelados ao IPCA. O importante é não abandonar sua estratégia a cada nova mudança na taxa de juros. 

Em vez disso, pense no seu perfil de risco e horizonte de investimento: 

  • Para investimentos de curto prazo (menos de 3 anos), o foco deve ser em ativos de renda fixa pós-fixados e com alta liquidez, como o Tesouro Selic, que oferece a segurança necessária para este objetivo; 
  • Para o médio prazo (3 até 10 anos), é possível diversificar a carteira incluindo outros ativos de renda fixa, inclusive ativos que possam ter retornos excedentes à Selic, mas é importante entender que isso aumenta o risco. ETFs de renda fixa, Fundos de Infraestrutura ou Fundos Imobiliários de papel são instrumentos que costumam ser adequados para estes tipos de objetivos. 
  • No longo prazo (acima de 10 anos), a alocação deve ser entre renda fixa e variável, de acordo com o seu perfil. Para este caso, além dos ativos citados acima, ETFs de renda variável também podem entrar na carteira para perseguir retornos robustos neste horizonte de tempo. 

Consistência é a chave para a renda fixa 

O investidor de renda fixa deve lembrar que os ciclos de alta e baixa da Selic fazem parte do mercado financeiro e que, embora possam impactar os ativos no curto prazo, a estratégia de longo prazo sempre prevalece. O importante é continuar focado nos seus objetivos e resistir à tentação de ajustar a carteira a cada nova decisão do Banco Central.

“Investir de forma disciplinada, com uma carteira diversificada e adequada ao seu perfil de risco, trará resultados mais consistentes e robustos ao longo do tempo”

Como a história já mostrou, tentar prever o futuro é uma tarefa ingrata, e manter uma estratégia sólida é o caminho para o sucesso. 

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