Uma das maiores dúvidas dos investidores, especialmente entre os iniciantes, é sobre como definir uma estratégia para alocação de recursos. Saber onde e como investir pode fazer a diferença para alcançar os resultados esperados, mas a tarefa exige planejamento e conhecimento sobre os ativos.
Nesse contexto, a Teoria Moderna do Portfólio surge como uma base para criar uma estratégia de alocação mais eficiente. Desenvolvida por Harry Markowitz, a teoria propõe uma abordagem estruturada para diversificar investimentos.
Você tem interesse em saber mais sobre o assunto? Continue a leitura para entender o que é a Teoria Moderna do Portfólio e como ela pode ajudar!
Nascido em 1927, Harry Max Markowitz foi um economista norte-americano e professor de finanças na Rady School of Management, na Universidade da Califórnia, em San Diego. Ele deixou seu legado no mercado financeiro com a criação da Teoria Moderna do Portfólio.
Markowitz foi um dos primeiros a introduzir conceitos estatísticos no estudo de investimentos. Assim, ele mostrou como a diversificação e o rebalanceamento da carteira podem reduzir riscos e aumentar o potencial de retornos.
Por meio de modelos matemáticos e gráficos, o economista apresentou uma abordagem quantitativa para definir o tamanho e a composição ideal de um portfólio. Além de sua teoria inovadora, Markowitz recebeu importantes reconhecimentos.
Entre as honrarias, estão o Prêmio Teoria John von Neumann, em 1989, e o Prêmio Nobel de Economia, em 1990. Sua contribuição se mantém relevante, influenciando a forma como investidores estruturam suas carteiras de investimentos.
Agora que você já sabe quem é Markowitz, é o momento de entender a sua principal contribuição ao mercado financeiro. A Teoria Moderna do Portfólio propõe uma abordagem sistemática para ajudar investidores a compor carteiras que potencializem as chances de retornos e minimizem os riscos.
Segundo a teoria, a verdadeira diversificação não se resume a incluir muitos investimentos no portfólio. Ela foca em escolher ativos com diferentes comportamentos, especialmente em relação ao risco e à correlação entre eles.
Um dos pontos centrais da teoria é que combinar ativos com correlações baixas ou negativas permite equilibrar melhor a carteira. Assim, os ativos com desempenho positivo em um cenário podem compensar perdas potenciais geradas por investimentos com comportamento oposto.
Por exemplo, se a taxa de juros cai, a tendência é que ativos da bolsa de valores tenham valorização por conta do aumento da demanda. Afinal, é comum que os investidores busquem a renda variável quando a renda fixa oferece retorno mais baixo.
Dessa maneira, investir em ambas as classes, buscando ativos de mercados, setores e até posições geográficas diversas possibilita equilibrar a carteira quando o cenário se mostra desfavorável a determinados investimentos.
Além de saber o que é a teoria de Markowitz, você deve entender como ela funciona. Para tanto, é preciso compreender os princípios nos quais a estratégia se baseia.
Confira os pontos mais relevantes!
Diversificação
Trata-se de um dos pilares da teoria e consiste em distribuir os recursos entre diferentes investimentos, de modo que eles não respondam da mesma forma aos eventos de mercado. O intuito é que cada ativo no portfólio contribua para a redução do risco geral.
Dessa maneira, a diversificação funciona como uma rede de segurança que minimiza o impacto das oscilações de um único setor ou investimento no portfólio.
Risco e retorno
A teoria também explora a relação entre risco e retorno nos investimentos. Segundo Markowitz, ao assumir mais risco, o investidor tem a chance de obter ganhos maiores. No entanto, o objetivo é encontrar uma combinação ideal de ativos que potencialize o retorno esperado para um nível de risco confortável ao investidor.
Nesse contexto, a teoria distingue dois tipos de risco:
Cálculos de variância e covariância
Para Markowitz, os cálculos de variância e covariância são fundamentais para avaliar a volatilidade e a correlação entre os ativos. A variância indica a dispersão dos retornos de um ativo em torno de sua média, ajudando a quantificar o risco individual de um investimento.
A covariância, por sua vez, mede a relação entre os retornos de dois ativos. Assim, ela permite entender se esses investimentos tendem a se mover na mesma direção (correlação positiva) ou em direções opostas (correlação negativa).
Os cálculos possibilitam ajustar a composição da carteira para alcançar uma diversificação real em busca de melhores resultados.
Fronteira eficiente
O conceito se refere à combinação de alternativas que oferecem o melhor equilíbrio entre risco e retorno. Assim, uma fronteira eficiente mostra ao investidor como alcançar o maior retorno possível para determinado nível de risco ou o menor risco para um dado retorno esperado.
Dessa maneira, a partir desse limiar, a diversificação tende a não proporcionar mais vantagens significativas.
Ao entender os princípios da Teoria Moderna de Markowitz, você pode se perguntar sobre a diferença entre ela e o pensamento tradicional — comum antes da criação da estratégia. No modelo convencional, muitos investidores preferem concentrar seus investimentos em poucas alternativas.
Esse pensamento considera que o ato de investir já é suficiente para garantir crescimento, sem se preocupar tanto com a diversificação. Por outro lado, a Teoria Moderna do Portfólio defende que uma carteira eficiente busca a diversificação para melhorar a relação entre risco e retorno, como visto.
Você viu a diferença entre o pensamento convencional e a Teoria Moderna do Portfólio. Então vale entender como a estratégia criada por Markowitz pode ajudar o investidor a ter uma carteira mais resiliente.
Veja!
Diversificação eficiente
Um dos principais benefícios da teoria é a ênfase na diversificação de riscos. Como você aprendeu, distribuir investimentos em diferentes classes de ativos, setores, mercados e regiões tende a reduzir o impacto que uma única queda pode ter sobre todo o portfólio.
Veja um exemplo de carteira com diversificação geográfica e setorial:
A tática ajuda a tornar a carteira mais adaptável e robusta diante das oscilações do mercado — suavizando os altos e baixos e mantendo-a equilibrada.
Prevenção à falsa diversificação
A falsa diversificação ocorre quando um investidor distribui seu capital aleatoriamente entre ativos com características e comportamentos semelhantes. Embora pareça diversificado, o portfólio ainda fica exposto aos mesmos tipos de riscos — afinal, os ativos reagem de maneira parecida aos eventos de mercado.
Assim, o efeito de redução de risco — esperado em uma diversificação verdadeira — não é atingido. Um exemplo comum de falsa diversificação é ter uma carteira composta por diversas ações de empresas do mesmo setor, como bancos.
Embora diferentes empresas gerem certa diversificação, se o seu capital estiver concentrado apenas nessas ações, todo o seu patrimônio estará exposto ao mesmo risco. Em um momento de crise financeira, por exemplo, esses papéis tendem a cair de forma semelhante — deixando o portfólio vulnerável.
No caso, a teoria de Markowitz ajuda a criar uma carteira que seja, de fato, diversificada, considerando diferentes tipos de ativos, setores e riscos.
Melhor relação entre risco e retorno
Outro ponto central da teoria é o foco na relação risco-retorno. Com seus princípios, o investidor pode identificar a combinação de ativos mais adequada para buscar os retornos almejados sem assumir riscos excessivos, alinhando a estratégia com seu perfil.
Decisões mais bem informadas
Além disso, a teoria é fundamentada em cálculos matemáticos e estatísticos, ajudando os investidores a tomar decisões embasadas, racionais e independentes de emoções ou de intuições. Como resultado, a característica ajuda a evitar escolhas impulsivas.
Adaptação eficaz
Por fim, a Teoria Moderna do Portfólio pode ser ajustada para diferentes metas financeiras. O atributo ajuda o investidor a criar um caminho mais claro para atingir seus objetivos.
Conhecendo a Teoria Moderna do Portfólio, talvez você tenha interesse em saber como aplicá-la em sua carteira. Para tanto, o primeiro passo é entender seu perfil de investidor e seus objetivos financeiros.
Essa etapa é essencial, pois a diversificação recomendada por Markowitz é mais eficaz quando alinhada às suas necessidades individuais — tornando cada portfólio único. Após identificar seu perfil e objetivos, avalie as alternativas que se adequem à sua capacidade de assumir riscos e o retorno esperado.
O processo costuma ser dividido em três fases. Primeiramente, cada ativo é analisado de forma individual, considerando suas características de risco e retorno. Depois, é avaliada a combinação possível entre esses investimentos para identificar como eles se complementam e se equilibram na composição de um portfólio.
Por fim, ocorre a seleção da carteira ideal, que busca a melhor composição para o perfil e os objetivos do investidor. Um exemplo da estratégia é a carteira 60-40, que destina 60% dos recursos à renda variável e 40% à renda fixa.
Essa alocação promove uma diversificação que equilibra o potencial de crescimento da renda variável com a segurança da renda fixa. O interessante é que o comportamento da carteira como um conjunto é diferente daquele dos ativos isolados, podendo proporcionar equilíbrio.
Contudo, você também pode criar outras combinações para compor um portfólio adequado às suas características. Afinal, cada investidor tem focos distintos, podendo assumir mais ou menos riscos.
Neste post, você descobriu o que é a Teoria Moderna do Portfólio e o que é possível aprender com ela. Agora, estude-a profundamente para compreender como a abordagem pode ser aplicada na sua estratégia de investimentos.
Para conhecer melhor o mercado financeiro, vale a pena entender quais são os seus agentes. Aproveite para compreender o funcionamento de uma gestora de recursos!