O gênero literário e cinematográfico conhecido como cyberpunk ganhou projeção ao longo dos anos 1980 e 1990 por tratar de temáticas futuristas e distópicas. Mais tarde, o movimento também adentrou o universo cripto, sendo uma inspiração para o surgimento da comunidade cypherpunk.
Ela é centrada na promoção do uso da criptografia como meio de garantir a privacidade, a liberdade e os direitos individuais em um mundo cada vez mais digital. Esses ideais foram importantes para o crescimento da indústria de criptoativos.
Quer entender mais sobre o assunto? Neste artigo, você saberá as principais informações sobre a cypherpunk, a comunidade cripto que preza o anonimato.
Acompanhe a leitura!
Como visto, o cyberpunk representa um subgênero de ficção científica que trabalha temas relacionados a uma visão distópica sobre o futuro. Normalmente, as obras cinematográficas e literárias ligadas ao movimento mostram enredos sobre colapso social e excesso de tecnologia.
Muitas vezes, a baixa qualidade de vida da população nessas obras era resultado de avanços tecnológicos. Porém, enquanto muitas pessoas lidavam com a pobreza, Governos e grandes corporações corruptas detinham o controle econômico e político.
Esse subgênero foi o ponto de partida para o surgimento do movimento cypherpunk. O termo foi criado a partir de “cipher”, que se relaciona com os conceitos de códigos e criptografia, para substituir a palavra “cyber”.
Assim, a comunidade cypherpunk atua com foco em ciberativismo, sendo composta por ativistas digitais que seguem ideias consideradas anarquistas e libertárias sobre o uso da criptografia. Inclusive, existem registros de atividades que iniciaram nos anos 1990.
Na época, Philip Zimmermann, desenvolvedor de criptografia, criou o software Pretty Good Privacy (PGP) e o distribuiu gratuitamente. Esse programa tinha o objetivo de ajudar a criptografar e-mails, criando códigos para proteger informações.
De forma geral, o movimento cypherpunk visa utilizar a tecnologia para proteger a liberdade de expressão das pessoas. Ele parte da ideia de que o mundo está digitalizado, sendo monitorado por autoridades e grandes corporações.
Além disso, o movimento apoia sistemas econômicos descentralizados, como o das criptomoedas, usando a tecnologia como uma forma de resistência à espionagem em massa. Inclusive, o cypherpunk tem um manifesto, escrito em 1993, pelo matemático norte-americano Eric Hughes.
Como você viu, existe um Manifesto para o movimento cypherpunk, chamado de “A Cypherpunk ‘s Manifesto”. O documento define os princípios centrais do pensamento do grupo, enfatizando a importância da privacidade e da criptografia como ferramentas para garantir a liberdade individual na era digital.
O Manifesto é um marco na história da internet e da segurança digital. A razão é que ele articula uma visão clara e direta sobre o papel da tecnologia na defesa da privacidade contra a vigilância alegada pelo grupo.
Uma das frases mais marcantes do Manifesto diz que “a privacidade é o poder de se revelar seletivamente para o mundo”. Outro trecho importante afirma: “nós não podemos esperar que Governos, corporações, ou outras grandes organizações sem rosto nos garantam a privacidade por sua bondade”.
O texto também destaca que, com o avanço da comunicação digital, novas formas de vigilância podem surgir. Por isso, seria necessário buscar maneiras de se proteger e trocar informações livremente, sem vigilância ou censura.
Ao longo do documento, Hughes destaca que a dependência de Governos e corporações para a proteção de dados não é positiva para a população. Para o grupo, esse poder de proteção deveria estar nas mãos de cada pessoa, individualmente — principalmente com o uso da criptografia.
Chegando até aqui, você já entendeu que a comunidade cypherpunk é composta por diversos agentes entusiastas da criptografia. Apesar de muitos serem programadores ou, de certa forma, ligados à indústria tecnológica, há diversos outros participantes que apenas se identificam com os ideais do grupo.
Dessa forma, pode-se considerar a comunidade um grupo descentralizado e amplo. Contudo, existem nomes marcantes e famosos do movimento, como Julian Assange, fundador do WikiLeaks — que foi um dos responsáveis pelo vazamento de dados sensíveis de Governos.
Nicholas Szabo é outra figura relevante nesse universo, sendo um dos pioneiros na utilização de smart contracts. Também há o programador Hal Finney, que trabalhou na Pretty Good Privacy, e foi a primeira pessoa a receber um bitcoin.
Muitos participantes ainda incluem o nome de Satoshi Nakamoto no grupo, criador do bitcoin. Embora esse seja um pseudônimo e sua identidade real ainda seja desconhecida, a criação e o uso do bitcoin são centrais para o movimento.
Outro ponto relevante sobre o universo cypherpunk é compreender que os membros não são, necessariamente, hackers. A diferença entre os conceitos reside principalmente em seus objetivos e motivações.
Como você viu, os cypherpunks formam um movimento que defende o uso da criptografia para proteger a privacidade e a liberdade de expressão. O movimento também tem uma forte orientação política e filosófica.
Outro ponto de destaque é que os membros da comunidade buscam desenvolver soluções para evitar o controle estatal e corporativo. Como exemplo, há o sistema Pretty Good Privacy e muitas das redes de blockchain.
Para promover limites entre o público e o privado, membros da comunidade cypherpunk criam sistemas que buscam garantir o anonimato na internet. Eles usam ferramentas como criptografia e assinaturas digitais com esse objetivo.
Já o termo hacker abrange uma variedade de indivíduos que exploram sistemas de computador e redes. Nesse cenário, as motivações vão desde a busca por desafios técnicos até atividades ilícitas, como roubo de dados.
Assim, enquanto os cypherpunks geralmente utilizam tecnologias de criptografia para proteger a privacidade, os hackers exploram ferramentas que podem ter diferentes propósitos. Embora muitos hackers possam se identificar com o movimento, nem todo membro do grupo é um hacker.
Você percebeu que a criptografia tem um papel importante no desenvolvimento de mecanismos de anonimato na internet.
Agora, saiba como o ativismo cypherpunk ajudou no desenvolvimento da criptografia!
Desenvolvimento de softwares criptográficos
Um dos principais legados dos cypherpunks é a criação de softwares que implementam criptografia forte de forma acessível ao público. O pioneiro e um dos mais notáveis é o Pretty Good Privacy, como você viu.
O projeto The Onion Router, ou apenas Tor, é outro exemplo. Esse é um sistema que permite navegação anônima, em que os dados dos usuários não podem ser rastreados.
O trabalho promove a ideia de que qualquer pessoa deveria ter o direito de proteger suas comunicações pessoais e dados contra qualquer tipo de vigilância. Vale destacar que os membros da comunidade buscam formas de descentralizar a criptografia.
Assim, os cypherpunks defendem a importância de ferramentas de código aberto, permitindo que qualquer pessoa possa examinar, modificar e melhorar o software. O objetivo é reduzir ou tirar o controle de Governos e grandes corporações sobre a tecnologia.
Mecanismos de anonimato
Outro destaque do movimento é a luta pelo desenvolvimento e pela defesa de mecanismos de anonimato. Afinal, além do trabalho em torno da criação de novas tecnologias, o grupo é composto por ativistas digitais.
Nesse sentido, a filosofia da comunidade influenciou a criação e a maneira como muitos softwares são utilizados — como o próprio Tor. Além disso, o movimento trouxe diversas discussões sobre liberdade e privacidade para um público mais amplo.
Educação e conscientização
A cypherpunk não apenas desenvolveu tecnologias, mas também trabalhou na educação sobre a importância da criptografia para a privacidade individual. Por meio de publicações, debates e conferências, eles ajudaram a aumentar a conscientização sobre os riscos de haver vigilância sobre as operações realizadas na internet.
Nesse contexto, a influência da cypherpunk também se estende a novas gerações de desenvolvedores e ativistas que continuam a trabalhar em soluções de segurança e privacidade. O legado da comunidade incentiva a inovação contínua em criptografia e anonimato na rede.
Após entender as principais informações sobre a comunidade cypherpunk e seu papel no mundo tecnológico, vale a pena conhecer a sua relação próxima com o mercado cripto. Como você viu, o criador do bitcoin é considerado um membro do grupo.
A relação existe porque o surgimento do bitcoin, em 2008, representou a realização de muitos ideais do movimento cypherpunk. Afinal, a moeda digital oferece uma alternativa ao sistema financeiro tradicional que permite transações anônimas e sem intermediários, com a promessa de segurança.
É válido destacar que, apesar de ser visto por muitas pessoas como uma forma de investimento, o bitcoin é, em primeiro lugar, uma moeda digital. Ou seja, é possível usá-lo em transações financeiras, assim como dólar e real.
A principal diferença é que o bitcoin é uma moeda descentralizada, garantindo que as transações e comunicações sejam feitas de forma privada e sem intermediários. Além disso, não há influência de Governos e órgãos reguladores em sua emissão.
Após o bitcoin, outras criptomoedas focadas em privacidade foram desenvolvidas com base nos princípios da cypherpunk. Elas utilizam técnicas avançadas de criptografia para oferecer transações seguras e privadas.
A criação de moedas descentralizadas pode ser considerada um feito tangível dos ideais defendidos pela comunidade cypherpunk. Assim, a relação entre criptografia, ativismo digital e inovação tecnológica continua a moldar o futuro do dinheiro e da privacidade na era digital.
Além de ter relação com a criação do bitcoin e outras criptomoedas, as crenças do movimento cypherpunk influenciam a sua compra. Para entender melhor, é interessante destacar que a aquisição direta dessas moedas digitais não acontece via bolsa de valores.
Para ter acesso direto às criptomoedas, investidores e demais entusiastas devem buscar as redes blockchain. Para isso, eles podem ter a atuação de um intermediário, como uma exchange, ou fazer transações diretas (peer-to-peer, ou P2P).
Em conjunto com a compra, há o processo de guarda das criptomoedas. Uma frase comum é “not your keys, not your coins” — ou “se não são suas chaves, não são suas moedas”, em tradução livre. Ela enfatiza a importância do uso de chaves privadas para o controle dos ativos.
Nesse sentido, investidores que compartilham dos ideais cypherpunk frequentemente preferem manter suas criptomoedas em carteiras privadas. Também há as cold wallets, que são carteiras offline e que prometem oferecer mais segurança para os donos.
Entre os exemplos estão as hardware wallets, que são dispositivos físicos especializados para armazenar criptomoedas offline — como pen drives. O gráfico a seguir, com números e projeções da Maximize Market Research, mostra o tamanho global desse mercado:
Você viu que cold wallets e muitos dos ideais de proteção digital promovidos pela comunidade cypherpunk podem proporcionar vantagens a operadores desse mercado. No entanto, é interessante buscar equilíbrio quando se trata de segurança digital no mercado cripto.
Assim como outros investimentos, o mercado de criptomoedas oferece riscos para os investidores. Além do mais conhecido, que é a volatilidade, a regulamentação geral ainda está em desenvolvimento em muitos países.
Por conta disso, tenha atenção com a possibilidade de golpes, fraudes e outras situações prejudiciais para o investidor. Esses riscos aumentam quando você não conhece bem o mercado ou acessa-o por meio de plataformas ou entidades não confiáveis.
Dessa forma, vale optar por plataformas confiáveis, com regulamentação apropriada para reduzir os riscos do mercado cripto. Sem as medidas de segurança necessárias, como gerenciamento de senhas ou mesmo backups, é possível perder o acesso às criptomoedas.
Existem diferentes formas de investir em criptomoedas com mais segurança. Para pessoas com mais experiência nesse mercado, a compra direta dos ativos e o armazenamento em cold wallets podem ser um caminho para a proteção dos dados. Isso porque elas oferecem mais proteção por estarem desconectadas da internet.
Entretanto, há outras soluções. Por exemplo, é possível utilizar hot wallets. Embora mais arriscadas que as carteiras frias, elas tendem a trazer mais segurança que a manutenção das criptomoedas na plataforma da exchange — que também pode sofrer ataques de hackers.
Ainda, se a intenção é manter os criptoativos em plataformas para facilitar transações previstas, considere transferir as moedas para uma cold wallet após as compras. A abordagem reduz os riscos associados a fraudes e invasões, garantindo mais tranquilidade em suas operações.
Em todos os casos, é essencial escolher exchanges confiáveis e bem regulamentadas para realizar as transações.
Outro caminho é por meio dos exchange traded funds (ETFs). Existem diversos fundos negociados em bolsa, inclusive na bolsa de valores brasileira (B3), que estão ligados ao mercado cripto. No Brasil, esses ETFs replicam índices de criptomoedas e outros ativos digitais descentralizados.
Eles também podem acompanhar os resultados de ETFs estrangeiros ligados ao mercado cripto. A vantagem dos fundos negociados em bolsa é a praticidade, já que o investidor poderá comprar as cotas diretamente da sua conta de investimentos, sem se preocupar com o armazenamento seguro das criptomoedas ou a gestão de chaves privadas..
A exposição por meio de ETFs também facilita a diversificação e promove mais segurança institucional. Essa vantagem é observada pelo fato de que esses fundos são regulamentados por entidades como a Comissão de Valores Mobiliários (CVM), no Brasil.
Neste artigo, você entendeu a história, a atuação da comunidade cypherpunk e como ela preza a segurança de informações, especialmente no mercado cripto. Se você pensa em investir nesse mercado, vale conhecer mais sobre as possibilidades oferecidas.
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