Um fundo de investimento constitui-se na aplicação coletiva de recursos com a finalidade de obtenção de algum rendimento. Pense em uma “vaquinha”, por exemplo. Ela consiste em uma organização financeira coletiva com algum objetivo traçado. Este objetivo pode ser a compra de algum item, a melhoria de nossa rua ou condomínio, ou mesmo uma ajuda a alguma pessoa ou instituição. Pois bem, o fundo de investimento opera em uma lógica similar. Ele é organizado de maneira a coletar recursos de cada cotista – neste caso, o cotista é cada investidor, ou cada pessoa que participa de uma vaquinha – e aplicar sua soma em ativos (de renda fixa, variável ou uma combinação de ambos) com o intuito de propiciar rendimento a todos os envolvidos.
Os fundos de investimento têm por obrigação zelar pela transparência em suas informações e decisões. Todos são regidos por um regulamento que fica disponível a todos os participantes. Além disso, eles divulgam o prospecto, que é um documento explicitando as regras básicas do fundo, tais como tipos e quantidades de cada ativo que comporá a carteira, estratégias de investimento, grau de risco etc. Uma figura importantíssima neste mercado são os gestores. Seu papel é selecionar os ativos que comporão o fundo, sempre adequando sua estratégia às características expostas no regulamento. Em se tratando de um fundo de baixo risco, cumpre ao gestor aplicar os recursos dos cotistas em ativos seguros, como renda fixa por exemplo. Se por acaso, o objetivo é conseguir maior retorno – e, portanto, maior risco -, então o gestor buscará ativos com esse perfil (geralmente renda variável). O importante é mencionar que o gestor deve ser alguém certificado pela CVM – Comissão de Valores Mobiliários (http://www.cvm.gov.br/) a operar neste mercado. Além do gestor, temos também a figura do administrador dos fundos de investimento. Ele é escolhido pela assembleia de cotistas (sim, ao adquirir uma cota de fundo, você tem direito a participar das decisões da assembleia). Sua função é operacional. Ou seja, é responsável pelos serviços de tesouraria, de atendimento aos cotistas, de prestação de contas e de manter a documentação do fundo em dia, entre outras atividades. Para ter acesso aos serviços, o cotista deve pagar uma taxa de administração – que pode variar entre 0,5% e 4% ao ano – uma remuneração aos serviços prestados pela administração do fundo. Além disso, se o desempenho do fundo for muito bom, ou seja, se obtiver um rendimento maior que o esperado, será paga também uma taxa de performance – correspondente ao excedente gerado – à administração.
Como já mencionado anteriormente, as cotas são a menor parte de um fundo. Ou seja, é o valor mínimo que cada investidor precisa para ingressar. Há casos em que esse valor pode ser de apenas R$ 100,00. Um fundo pode ter, digamos, 10 mil cotas de RS 100,00, totalizando um patrimônio de 1 milhão de reais. Se você optar por comprar 50 cotas desse fundo, então terá 5 mil reais, algo equivalente a 0,5% do fundo. Vamos supor agora que este fundo invista somente em renda variável e que o rendimento médio dos ativos aplicados tenha sido de 10% no período. Isto significa que todo o patrimônio do fundo de investimento irá se valorizar, incluindo cada cota. Ou seja, o valor total do fundo passará a ser de 1,1 milhão de reais. O valor da cota individual passará a ser de 110 reais e o valor de seus recursos investidos será de 5.500 reais. Ou seja, as proporções se mantêm, mas as fatias ficam maiores!
Atualmente, existe uma gama variada de fundos de investimento disponíveis no mercado. Eles podem diferir em vários aspectos, conforme vemos a seguir:
Na seção acima, vimos que os fundos de investimento podem ter ou não uma referência (benchmark) e possuir prazos distintos de resgate e entrada. Agora, te convidamos a dar uma olhada em uma classificação de fundos construída a partir do tipo de ativo em que eles investem os recursos dos cotistas.
Esses fundos se comprometem a aplicar, no mínimo, 80% dos recursos dos cotistas em ativos de renda fixa. Os ativos mais comuns nesse tipo de aplicação são títulos públicos ou papéis de dívida emitidos por empresas privadas. Um exemplo desses papeis são as debêntures, que são que títulos que as empresas vendem ao mercado em troca do pagamento de juros. Em outras palavras, é uma maneira de elas tomarem dinheiro emprestado de investidores. Os fundos de renda fixa são indicados para cotistas com perfil mais conservador, que priorizam a segurança acima de tudo.
Os fundos de ações devem aplicar, no mínimo, de 67% em tais ativos. Sua rentabilidade, portanto, depende da variação no valor desses papeis o que, por sua vez, está associada ao cenário econômico. Por isso mesmo, seu risco é maior do que aquele observado em fundos de renda fixa. Os gestores dos fundos de ações podem perseguir uma estratégia passiva, isto é, atrelar o rendimento do fundo a um índice de mercado (o benchmark lembra?). De outro modo, podem adotar uma estratégia ativa e, portanto, mais agressiva, buscando rendimentos maiores. Neste caso, o risco do investimento também fica maior.
Tais fundos são compostos por uma mescla de ativos de renda fixa e renda variável. São uma ótima pedida no que se refere à diversificação de riscos! Por serem bastante diversificados, esses fundos oferecem um grau de segurança maior que os fundos puramente compostos por ativos de renda variável (fundos de ações, por exemplo), mas ainda assim podem oferecer retornos interessantes.
Imagine que você esteja preparando aquela viagem dos sonhos para o exterior. Vendo a variação instável do dólar todos os dias, você começa a desistir, já que os custos dessa viagem podem aumentar muito. Os fundos cambiais podem servir como um seguro contra toda essa desvalorização do real. Como eles aplicam, pelo menos, 80% de seu patrimônio em ativos denominados em outras moedas (mais comumente no dólar), significa que o dinheiro do cotista acompanha sua variação, preservando seu poder de compra.
Provavelmente, você já pensou em comprar um imóvel para investimento em algum momento de sua vida. Mas pense que você terá custos de manutenção com o imóvel, além de arcar sozinho com o risco de sua desvalorização. O valor do aluguel pode oscilar, o bairro pode se degradar, o inquilino pode ser caloteiro, etc. O fundo imobiliário existe para que esses riscos sejam compartilhados. Ao ser cotista, você é um entre vários que terão seus recursos aplicados em diversos ativos imobiliários: salas comerciais, shoppings, escritórios, prédios comerciais etc. O risco ainda permanece, até porque o rendimento do fundo é atrelado ao desempenho do aluguel e da valorização de tais imóveis. Mas, como eu disse, ele é suavizado em relação ao processo de compra individual de um imóvel, já que a carteira é diversificada. Ou seja: é como se você adquirisse pequenas partes de muitos imóveis.
Apesar de suas inúmeras vantagens, os fundos de investimento – como toda aplicação financeira – apresentam alguns riscos. Veja-os a seguir:
Antes de tudo, vale lembrar que os fundos de investimento são tributados na fonte. Ou seja, você não precisa nem se preocupar em se organizar para pagar os impostos. As alíquotas de impostos variam conforme o tipo de fundo e o prazo de permanência na aplicação. No caso dos fundos de ações, será cobrada uma tarifa única de 15% sobre o rendimento bruto no momento de resgate. Já os fundos de curto prazo apresentam duas alíquotas:
Um lembrete importante: quanto mais tempo você deixar seu dinheiro aplicado menor será a alíquota de imposto cobrada! Por fim, os fundos de longo prazo apresentam a seguinte divisão de cobrança de IR:
Antes de tudo, é preciso ler, aprender e se informar sobre o assunto. Em seguida, você deve conhecer seu perfil de investidor. Isto significa definir que tipo de retorno deseja e, automaticamente, que tipos de fundos irá buscar juntamente com o prazo de maturação de seu investimento. Lembrando que, se quiser maiores retornos, terá de assumir maiores riscos. Você não precisa escolher somente um fundo de investimento. É completamente possível alocar suas necessidades em fundos de curto prazo, investir para complementar a aposentadoria em fundos de renda variável de prazos mais longos e, ao mesmo tempo, dar aquela diversificada boa em fundos multimercado. Por fim é importante também abrir uma conta em uma instituição financeira e falar com seu corretor, pois ele irá te ajudar com mais informações neste intrigante mundo dos investimentos.
Professor de Economia, com 10 anos de experiência em graduação e pós. Produtor de conteúdo nas áreas de finanças e economia. Possui doutorado pela UFABC, no qual pesquisou temas como moedas socais, inclusão financeira e a relação entre moeda/sistema financeiro com o desenvolvimento local.