A bolsa de valores brasileira (B3) é composta pelo capital de investidores institucionais — como fundos de investimentos — e de pessoas físicas (PF). Nesse segundo caso, vale destacar que o número de investidores individuais cresceu de modo considerável nos últimos anos, chegando a 5 milhões de contas na bolsa.
Porém, mais que conhecer os números, é importante entender o que existe por trás deles. Assim, é possível compreender o que tem motivado essa movimentação no mercado brasileiro e quais são os investimentos mais procurados pelos investidores.
A seguir, descubra o perfil dos investidores PF na B3 e compreenda como tem sido a entrada de mais pessoas na bolsa!
Para compreender como está a presença dos investidores pessoas físicas na bolsa de valores brasileira, vale considerar os dados do relatório “Uma análise da evolução dos investidores na B3”, divulgado pela própria B3.
Essa edição traz um panorama sobre a presença e o comportamento dos indivíduos no segundo trimestre de 2022. Nesse período, existiam aproximadamente 4,4 milhões de CPFs cadastrados na bolsa e 5,2 milhões de contas de investimentos ativas.
A diferença entre os números existe porque a mesma pessoa física pode ter conta em mais de uma instituição financeira, por exemplo.
Além disso, esses 4,4 milhões de investidores únicos têm cerca de R$ 453 bilhões alocados na bolsa brasileira. Ainda no segundo trimestre de 2022, o saldo mediano foi de R$ 2 mil por pessoa física.
Outros dados importantes demonstram que, em junho de 2022, o total de investidores que fizeram ao menos um aporte ao mês foi de 1,4 milhão. Ademais, as pessoas físicas foram responsáveis por 18% do volume de negociação na B3 no período.
No total, os dados da bolsa mostram que, em 2022, havia aproximadamente 14,8 milhões de CPFs cadastrados — considerando o número de investidores também da renda fixa.
Além de conhecer os resultados específicos do total de CPFs em junho de 2022, é importante notar que o cenário é fruto do crescimento contínuo do número de investidores na bolsa. Para começar a comparação, vale pensar na diferença entre o primeiro e o segundo trimestre de 2022.
Até março de 2022, a bolsa de valores tinha 4,3 milhões de investidores. Em junho, como você viu, o número cresceu para 4,4 milhões. Esse foi um avanço de aproximadamente 100 mil investidores em três meses. Veja só:
No entanto, ao observar prazos maiores, é possível identificar diferenças ainda mais significativas. Nos seis primeiros meses de 2022, por exemplo, houve um aumento de 1,3 milhão de investidores.
Já em relação ao segundo trimestre de 2021, o avanço foi de 1,2 milhão de investidores — um crescimento de 37,5% em 12 meses.
Observando os dados de 2020, quando a bolsa, historicamente, viu um grande salto no total de investidores, o resultado é quase 63% maior. Logo, é possível notar uma expansão consistente no volume de pessoas físicas que realizam aportes na bolsa brasileira.
Com os dados da B3, também é possível identificar o perfil do investidor na bolsa de valores brasileira e como ele evolui ao longo do tempo. A seguir, entenda quais são as características mais marcantes dos investidores brasileiros!
Sobre a faixa etária, os investidores jovens têm entrado mais na bolsa de modo consistente desde 2019. No segundo trimestre de 2022, a maior parte (50%) dos investidores tinha entre 25 e 39 anos.
Em segundo lugar (30%), apareceram investidores com 40 a 59 anos. Na terceira posição (10%), estão as pessoas com 19 a 24 anos e, em quarto lugar (9%), aquelas com mais de 60 anos. A menor parte é de indivíduos entre 0 e 18 anos (1%).
Ao observar o cenário em 2013, por exemplo, cerca de 65% dos investidores tinham mais de 40 anos. Em junho de 2022, essa proporção passou para 39%. Então é possível concluir que pessoas mais jovens têm entrado e permanecido na bolsa.
A localização geográfica é outro ponto relevante sobre o assunto. Apesar de a região sudeste ter o maior volume de habitantes e, consequentemente, de investidores, outras regiões têm apresentado um crescimento maior.
Isso pode ser observado ao comparar o desempenho entre 2018 e o segundo trimestre de 2022. Nesse sentido, o número de investidores do norte foi o que mais cresceu (1.103%). Em seguida, vem a região nordeste (806%), centro-oeste (638%), sul (560%) e, por fim, sudeste (435%).
Sobre a distribuição demográfica, a localização dos investidores ficou dividida no segundo trimestre de 2022 entre:
O recorte de gênero nos dados da B3 demonstra um crescimento da participação das investidoras brasileiras. Ao longo dos anos, as mulheres representam, em média, 25% do total de investidores em equities.
Apesar de o percentual se manter relativamente constante, o número absoluto de investidoras teve um grande aumento. Entre o segundo trimestre de 2022 e 2013, por exemplo, a presença feminina saltou de 100 mil para 1,1 milhão.
Ainda, é interessante notar um comportamento diferente, dependendo dos ativos analisados. Entre as pessoas que alocam recursos em exchange traded funds (ETFs), por exemplo, as mulheres são 26% entre os 536 milhões de investidores.
As mulheres também costumam fazer um investimento inicial maior que o dos homens. Em equities, o primeiro investimento médio delas é de R$ 463, enquanto o valor deles é de R$ 71.
Isso pode indicar um maior preparo financeiro por parte das investidoras para entrar na bolsa. Como resultados, as mulheres têm mais capital para alocar desde o começo.
Em relação a junho de 2022, especificamente, cerca de 12% das mulheres que entraram na bolsa nesse período têm entre R$ 10 mil e R$ 50 mil investidos. Entre os homens, a proporção nessa faixa é de apenas 5%. Portanto, elas se concentram em intervalos de rendas maiores.
Os dados apresentados pela B3 também servem para mostrar quais são os investimentos mais procurados e escolhidos pelos investidores no período analisado.
No primeiro trimestre de 2022, o total de pessoas que investiram em ações foi de 3,2 milhões. O resultado representa um avanço de 400 mil indivíduos (14%) que têm esses ativos na carteira. Em relação a 2011, que tinha 500 mil investidores na época, o crescimento foi de 540%.
Porém, foi possível observar um crescimento ainda mais significativo quanto ao investimento em ETFs. No segundo trimestre de 2021, havia 439 mil investidores. No final do mesmo período, em 2022, eram 536 mil investidores. Logo, o crescimento foi de mais de 22%.
Porém, ao observar os dados de 2011, o número é ainda mais significativo. Naquele ano, havia 20 mil pessoas físicas investindo em ETFs. Desse modo, entre 2011 e o segundo trimestre de 2022, houve um crescimento de 2.580% no número de investidores.
Esses dados também são corroborados pelo aumento da diversificação da carteira por parte dos investidores da bolsa brasileira. Em 2016, 75% dos investidores tinham apenas ações em seus portfólios. No segundo trimestre de 2022, o número passou para 33%.
Já as carteiras compostas por ações, ETFs e outros investimentos eram 1% em 2016 e passaram a ser 6% no segundo trimestre de 2022.
Além disso, 37% dos investidores passaram a ter 5 ou mais tickers em seus portfólios nesse período, contra 21% em 2016.
Vale destacar que esse número se torna maior conforme aumenta o valor investido. Entre quem investe até R$ 10 mil, cerca de 20% têm 5 tickers ou mais, enquanto 46% têm apenas um ativo.
Já entre quem tem de R$ 10 mil a R$ 20 mil investidos, 58% investem em 5 ou mais ativos. A maior porcentagem é encontrada entre quem investe de R$ 1 milhão a R$ 5 milhões, com 82% do total de investimentos alocados em 5 ou mais alternativas.
A partir dos dados que você acompanhou até aqui, é possível notar que há um número maior de investidores pessoas físicas na B3 e que elas estão diversificando mais suas carteiras.
Ao observar a evolução do número de investidores, também é possível notar que dois períodos que se destacaram no avanço dos resultados:
Mas, afinal, quais são os motivos para o aumento do número de investidores? A seguir, entenda quais são alguns dos pontos que podem explicar esse movimento!
Em 2020, devido à crise causada pela pandemia de covid-19, o Banco Central do Brasil (Bacen) diminuiu a taxa Selic para 2% ao ano. Esse foi o menor patamar já alcançado pela taxa básica de juros da economia brasileira.
Como as aplicações de renda fixa dependem — direta ou indiretamente — desse índice, o desempenho da classe de investimentos também caiu. Com isso, muitos investidores passaram a procurar a renda variável.
O objetivo dessa migração era aumentar o potencial de rendimento do dinheiro, considerando o baixo retorno oferecido pela renda fixa. Para investir na renda variável, portanto, muitos investidores entraram na bolsa de valores, consolidando os números divulgados pela B3.
A crise causada pela covid-19 também aumentou os riscos gerais do cenário econômico. Com isso, a diversificação de investimentos ganhou especial relevância, já que ela pode ajudar a proteger a carteira das oscilações existentes em um cenário mais volátil.
Assim, diversos investidores que focavam apenas na renda fixa começaram a explorar as alternativas de renda variável. Vale notar que a diversificação também foi impulsionada pela variedade de investimentos disponíveis no mercado.
Os ETFs, por exemplo, tornaram-se mais comuns na bolsa brasileira. Com o lançamento de diversos fundos de índice, os investidores passaram a ter um poder de escolha maior, principalmente porque esses veículos financeiros podem se encaixar em diferentes portfólios e estratégias.
Além disso, os ETFs são fundos que replicam a carteira teórica de um indicador de mercado. Portanto, com apenas uma cota já é possível se expor aos resultados de um portfólio completo, favorecendo a diversificação geral dos recursos.
A procura maior por alternativas na bolsa de valores também se relaciona ao aumento da acessibilidade. Se, antes, investir na bolsa era limitado a quem detinha um grande patrimônio, isso deixou de ser verdade com a democratização de acesso aos investimentos.
Nesse sentido, segundo o relatório da B3, as pessoas físicas entram com montantes cada vez mais baixos. Em julho de 2022, por exemplo, o investimento inicial tinha um valor médio de R$ 95.
De certa maneira, o cenário também tem relação com os ETFs. Como o investimento mínimo é de apenas uma cota, é possível investir mesmo com quantias menores.
Ademais, os fundos de índice têm taxas de administração mais baixas e geram menos custos operacionais ao investidor. Essas características fazem com que os ETFs contribuam para tornar os investimentos da bolsa mais acessíveis.
Outro motivo que pode ajudar a justificar o aumento dos investidores na bolsa de valores é a necessidade de dolarização dos recursos. Isso acontece porque a moeda norte-americana acumula altas sobre o real desde 2016. Apenas em 2021, por exemplo, o avanço do dólar foi de 7,36%.
Nesse caso, a dolarização de parte do patrimônio é uma forma de proteger o dinheiro contra os avanços do câmbio. Nesse sentido, a bolsa de valores conta com algumas oportunidades que oferecem esses resultados, como os ETFs globais.
Esses são fundos de índice que se baseiam em indicadores compostos por ativos no exterior. Com eles, é possível investir internacionalmente em reais e sem sair do mercado brasileiro. Assim, os ETFs ajudam a atingir o objetivo de dolarização, contribuindo para a atração de mais investidores.
Agora você sabe como os investidores na B3 têm se comportado e o que motiva o aumento desse número. Sendo uma das pessoas físicas da bolsa, você pode focar em aproveitar as oportunidades disponíveis nesse mercado para compor uma carteira diversificada e alinhada às suas necessidades!
Essas informações foram úteis? Aproveite e descubra o que é a B3 e conheça sua história!