No momento de investir em ETF, é fundamental analisar as características do fundo. Isso inclui avaliar o índice de referência, o histórico de rentabilidade, as taxas cobradas, entre outras questões relevantes.
Contudo, além desses fatores, é importante saber como analisar o preço justo das cotas. Dessa forma, você pode encontrar oportunidades e ter uma tomada de decisão mais embasada na bolsa de valores.
Vale ressaltar que você não precisa ser um especialista em investimentos para conseguir fazer essas análises. Para isso, basta saber sobre alguns conceitos relevantes na hora de analisar o preço das cotas de um fundo de índice.
Neste artigo, você entenderá como o investidor comum pode avaliar o preço justo de um ETF. Não perca!
ETF é a sigla para “exchange traded fund”. No mercado brasileiro, esse veículo de investimento coletivo é conhecido como fundo de índice. A principal característica dos ETFs é que ele busca espelhar o desempenho de um indicador de mercado.
Esse índice de referência também é chamado de benchmark. Assim, a composição da carteira de um ETF espelha o portfólio teórico do indicador escolhido. Para participar dos resultados do fundo, o investidor deve adquirir cotas, que são negociadas na bolsa de valores brasileira (B3).
O funcionamento dos ETFs é similar ao de outros fundos de investimento. Logo, o patrimônio é movimentado por um gestor profissional. Ele faz a administração da carteira conforme a estratégia estabelecida.
O fundo de índice faz a cobrança de uma taxa de administração, utilizada para remunerar o trabalho do gestor e outros custos do veículo financeiro. Como o ETF foca em acompanhar o desempenho do benchmark, ele tem uma gestão considerada passiva.
Por isso, o gestor faz as negociações necessárias para o fundo espelhar as variações do índice de referência. Então ele não precisa tomar decisões diferenciadas em busca de obter uma rentabilidade acima do mercado.
Agora que você sabe o que é e como funciona o ETF, é hora de entender quais são os custos envolvidos em um fundo de índice. Além da cotação apresentada na bolsa de valores, existem custos operacionais envolvidos no investimento.
Essas taxas e tributos podem interferir no rendimento do fundo. Por isso, é fundamental considerar os custos antes de investir.
Confira quais são as principais cobranças!
Como você aprendeu, o ETF envolve a cobrança de uma taxa de administração utilizada para remunerar os serviços prestados pela administradora e pela gestora do fundo. Contudo, esse custo tende a ser menor que fundos de investimento com gestão ativa.
Isso ocorre porque a gestão passiva costuma exigir menos esforços estratégicos. Logo, é esperada uma taxa de administração mais baixa — o que pode favorecer o retorno líquido do investidor. É possível conferir o valor da cobrança no regulamento do ETF.
Essa é uma taxa cobrada pela própria bolsa de valores, junto aos demais custos de negociação. Ela serve para cobrir os encargos de registro das operações pela B3 e corresponde a um pequeno percentual das negociações realizadas.
A taxa de custódia é uma cobrança que pode ser feita pela instituição financeira que você utiliza para investir. Ela serve para remunerar o serviço de custódia das cotas do ETF. Vale saber que algumas instituições oferecem taxa zero para determinadas operações, então é válido pesquisar esse aspecto.
Essa é outra taxa que pode ser cobrada pela instituição financeira usada nos investimentos. Ela visa remunerar o serviço prestado pela intermediação dos investimentos e pode representar uma porcentagem do total investido.
Ao pensar no custo do ETF, vale considerar que ele tende a ser menos caro quando comparado à compra individual de todas as ações que fazem parte da carteira teórica do indicador de referência. Como você não precisará pagar todas as taxas operacionais em cada negociação, é possível economizar.
Além das taxas apresentadas, a venda das cotas dos ETFs com lucro é tributada pelo Imposto de Renda (IR). Nos fundos que replicam índices de renda variável, a alíquota varia conforme o tipo de operação.
No caso do day trade, em que a compra e venda das cotas ocorrem no mesmo pregão, a porcentagem é de 20%. Já nas operações comuns, a alíquota é de 15% sobre o ganho de capital.
O recolhimento do imposto deve ser feito pelo próprio investidor, via Documento de Arrecadação de Receitas Federais (DARF). É preciso realizar o pagamento até o último dia útil do mês seguinte à venda.
No caso de ETFs de renda fixa a alíquota do Imposto de Renda varia de 25% a 15%, a depender do prazo médio de duração dos títulos que compõem o portfólio do fundo. Ademais, o recolhimento é feito na fonte.
Vale lembrar que, ao contrário das ações, os fundos de índice não contam com a isenção do IR para vendas até R$ 20 mil mensais.
Além dos custos operacionais de um ETF, existem custos ocultos que estão relacionados aos preços das cotas e afetam o retorno para os investidores. Dois conceitos importantes nesse sentido são o bid e ask.
O bid se refere ao melhor preço de compra. Logo, trata-se da cotação que ocupa o topo do chamado book de ofertas — uma funcionalidade das plataformas de operações e de home brokers.
Já o ask representa o melhor preço de venda. Ou seja, é o maior montante pago pelo mercado no momento da análise do book de ofertas. De maneira geral, o bid é menor que o ask. Afinal, o objetivo das ordens de compras é resultar em lucros. Por isso, elas precisam pagar menos.
A junção desses dois conceitos resulta na expressão bid ask spread — um termo importante quando o assunto é preço justo de um ETF. Também conhecido como spread de mercado, ele é dado pela diferença entre o melhor preço da oferta de venda e o melhor preço da oferta de compra.
Esse conceito existe porque, em um mercado aberto, compradores e vendedores estão sempre tentando negociar o melhor preço possível.
Para entender melhor, considere um exemplo. Suponha que o book de ofertas mostre que os compradores estão oferecendo R$ 20,50 por um ETF e que os vendedores estejam pedindo R$ 20,55.
Nesse exemplo, o bid ask spread é de R$ 0,05, dado pela diferença entre os preços de compra e venda. Além disso, vale saber que o spread de mercado atua sobre praticamente todos os investimentos, como ações, cotas de fundos de investimento e opções.
Após saber o conceito de bid ask spread, é preciso compreender como ele influencia no preço dos ETFs. Para isso, você deve entender a liquidez — um conceito que representa a facilidade e velocidade com que se pode converter um investimento em dinheiro.
Logo, alternativas com baixa liquidez podem dificultar a venda ou resgate. Na bolsa de valores, quando um ativo ou derivativo tem um grande volume de negociação, ele é considerado líquido.
Nesse contexto, o bid ask spread está diretamente relacionado com a liquidez. Em geral, se o bid ask spread é curto — na ordem de R$ 0,01 —, significa que existem muitos interessados na negociação.
Já o bid ask spread longo indica que a liquidez está baixa, com poucos interessados na compra e venda do ativo ou derivativo. Nesse caso, é mais difícil encerrar uma posição ou fazer a negociação sem aceitar o preço de compra ou venda.
Outra característica relacionada ao spread de mercado é a volatilidade no preço. Quando há um grande interesse comprador, o spread é fechado na posição vendedora, indicando que o ativo está em alta. Isso pode levar ao aumento do seu preço no mercado.
Mas se o bid ask spread é fechado abaixo, a força vendedora tende a ser maior. Então os participantes do mercado estão dispostos a aceitar um preço de compra menor, indicando uma tendência de baixa.
Uma grande variação entre spread para cima e para baixo indica que a volatilidade do ativo ou derivativo é maior. Ademais, vale saber que, entre os fatores que podem afetar o bid ask spread dos ETFs, estão:
Para você compreender melhor a relação entre bid ask spread, liquidez e preço, vale conferir exemplos práticos.
Veja!
Como você viu, os ativos mais conhecidos e negociados na bolsa de valores costumam ter um spread de mercado por volta de R$ 0,01. Isso significa que é possível encontrar interessados em comprar ou vender o ativo em cada nível de preço acima ou abaixo de R$ 0,01 ou R$ 0,02 da cotação atual.
Confira como fica o book de ofertas de um ETF com cota precificada em R$ 98,97:
Por outro lado, ações de uma empresa pouco conhecida entre os investidores ou recém-lançada podem ter um bid ask spread mais amplo. Dessa forma, os interessados nos papéis tendem a ter mais dificuldade para comprá-los e vendê-los.
Para isso, eles possivelmente precisarão consumir diferentes níveis de preço. Veja um book de ofertas para esse exemplo:
Considerando a primeira tabela apresentada, suponha que um operador queira vender 500 ativos na bolsa de valores. Se ele tivesse o ETF na carteira, com bid ask spread menor (R$ 0,02), a negociação seria mais simples. Afinal, nesse caso, haveria 873 cotas sendo negociadas a R$ 98,98.
Já na ação, o bid ask spread é maior (R$ 0,08), dificultando a venda dos 500 ativos. Isso porque seria necessário consumir 250 papéis a R$ 5,80, 120 ativos a R$ 5,75 e 130 ações a R$ 5,73. Embora essa possibilidade exista, a operação pode não ser vantajosa devido à diferença de preço em cada nível.
Até aqui, você aprendeu o que é um ETF e quais são suas principais características. Além disso, você entendeu o conceito de bid ask spread e como utilizá-lo em sua tomada de decisão no momento de investir. Mas como avaliar o preço justo de um fundo de índice?
Vale saber que o preço de cada cota de um ETF normalmente é bastante similar ao preço da cesta de ativos que o compõe. Isso significa que, em geral, os ETFs são negociados próximo ao seu valor patrimonial. Logo, essa é uma indicação do preço justo do fundo de índice.
Assim, o portfólio serve como referência para o investidor analisar o preço das cotas. No entanto, o mercado financeiro oferece a oportunidade de investir em ativos descontados. Assim, é possível encontrar cotas de ETFs negociadas a um preço abaixo do que seria considerado justo.
Como a tendência é que as cotações retornem ao preço justo, existe maior chance de valorização e de obtenção de ganhos ao investir em ETFs descontados. Visando obter retornos maiores, também vale considerar que o bid ask spread dos ETFs tende a ser menor que os das ações.
Isso é ainda mais válido em comparação aos papéis de companhias menos conhecidas. Então, ao optar por investir pelos fundos em índice em vez de comprar os ativos individualmente, você tem a oportunidade de ampliar o potencial de ganhos.
Neste artigo, você aprendeu como investir em ETF sem ser especialista. Ao entender como funciona o fundo de índice e saber mais sobre o bid ask spread e a formação do preço das cotas de ETFs, você pode avaliar o preço justo do fundo!
Gostou do conteúdo? Então aproveite e aprenda como identificar o melhor fundo de índice para você!