A alta da Selic tem feito muitos investidores repensarem as estratégias de investimentos. O motivo é que a taxa básica de juros vinha sofrendo constantes cortes e chegou à mínima histórica em agosto de 2020. Ela voltou a subir apenas em março de 2021.
Ainda assim, a taxa segue em patamares mais baixos, o que abre possibilidade de investimento em outras alternativas que não sejam de renda fixa — como é o caso dos ETFs. Portanto, vale a pena conhecer essa opção para avaliar se ela se alinha ao seu portfólio.
Neste artigo, você entenderá como aproveitar a alta da Selic através dos ETFs e como funcionam esses veículos de investimento. Vamos lá?
Para saber como tomar as melhores decisões de investimento, é preciso entender como a taxa básica de juros da economia é definida. As decisões sobre o assunto são tomadas em reuniões realizadas a cada 45 dias pelo Comitê de Política Monetária (Copom), um órgão do Banco Central.
Nelas, os conselheiros se baseiam na análise do cenário nacional e internacional para definir se a taxa aumentará, diminuirá ou se manterá estável. Isso acontece porque a Selic é usada para estimular a economia ou desacelerar a inflação.
Por exemplo, a partir de 2012, a taxa sofreu sucessivos aumentos e chegou ao patamar de 14,25% ao ano. Depois, em outubro de 2016, o Copom fez o primeiro corte desde 2012. Desse modo, aconteceu uma baixa gradual e a Selic chegou à mínima histórica de 2% ao ano em 2020.
Já em 2021 se iniciou um novo período de altas na taxa — que chegou a 4,5% em junho. No entanto, ela segue em patamares mais baixos. Com isso, os investimentos de renda fixa seguem com atratividade limitada na comparação com alternativas de renda variável.
É possível perceber esses impactos, especialmente, quando se trata de investimentos no exterior. Nesse sentido, vale conhecer a possibilidade de ter maiores rendimentos — conhecendo as oportunidades da renda variável que viabilizam a exposição aos investimentos internacionais. É o caso do ETF.
ETF significa exchange traded fund, ou fundo de índice. Assim, ele busca replicar a carteira teórica de um indicador do mercado financeiro nacional ou internacional.
Para isso, os ETFs adquirem os ativos que compõem a carteira teórica de um determinado indicador, de modo que consiga replicar sua variação. Isso é feito por um gestor profissional, que seguirá a estratégia específica do fundo, como acontece em outros veículos de investimento.
No caso dos fundos de índice, no entanto, as cotas são negociadas na bolsa de valores.
Entre as características dos ETFs, vale destacar a diversificação. Afinal, normalmente um índice é formado por diversos ativos. Portanto, ao adquirir cotas desses fundos, você está se expondo a uma carteira variada de maneira simples.
Isso faz com que os ETFs também ajudem a compor estratégias para manejar o risco dos seus investimentos. Afinal, eles possibilitam a diversificação do portfólio. Com relação aos custos, a tendência é que eles tenham taxas de administração mais baixas que em outros tipos de fundos.
O motivo está no fato de que a gestão dos fundos de índice é passiva. Além disso, como o objetivo não é superar o benchmark, eles não contam com taxas de performance.
Ainda sobre os custos, o investimento tem tributação de Imposto de Renda. Nos ETFs de renda variável, a alíquota é de 15% sobre o ganho de capital na venda das cotas.
Por fim, vale saber que essa modalidade de investimento pode seguir diferentes indicadores. Assim, se torna mais acessível se expor, inclusive, a índices internacionais sem precisar investir diretamente no exterior.
Depois de saber mais sobre os ETFs, vale conhecer algumas vantagens de investir nesses fundos tanto em momentos de alta quanto de queda na taxa Selic.
Confira!
Especialmente quando falamos de ETFs que têm exposição a ativos do exterior, eles são descorrelacionados da movimentação da Selic dentro do Brasil. O motivo para isso é que eles estão expostos às oscilações do mercado externo.
Para entender melhor, é interessante saber como funciona a correlação e descorrelação de investimentos. Os ativos que possuem correlação positiva têm o mesmo comportamento no mercado. Ou seja, passam por valorização ou desvalorização juntos.
Por outro lado, se a correlação é negativa, então eles são descorrelacionados. Isso quer dizer que eles tendem a seguir direções opostas. Assim, para compor uma carteira diversificada, é importante fazer escolhas descorrelacionadas.
Como você viu, os ETFs são uma forma de diversificar os investimentos. Se você já possui aplicações de renda fixa na carteira, por exemplo, pode se beneficiar dos fundos de índice de renda variável no portfólio. Essa estratégia também permite ter um melhor manejo de risco na carteira.
O motivo é que quem investe distribuindo o dinheiro em diferentes alternativas de forma estratégica pode equilibrar e diluir os riscos. Assim, os resultados dos seus investimentos deixam de estar atrelados a uma única condição.
Investir em ETFs pode ser uma forma interessante de expandir o horizonte, sem depender das movimentações de alta ou queda da Selic. Quando a economia local está passando por um momento de pessimismo, por exemplo, os investidores estrangeiros vendem seus investimentos no país para comprar dólar.
Com isso, eles retiram seus recursos do Brasil, o que faz o dólar subir. Consequentemente, a moeda brasileira se desvaloriza. Mesclar ativos nacionais com alternativas de outros países se torna, então, uma forma de se proteger dessa desvalorização.
O ETF também permite que o investidor proteja parte da carteira contra outros agentes internos, como a inflação. Expor parte da carteira ao dólar também pode ser uma alternativa, portanto, para balancear os resultados do portfólio.
Como você viu, seja em momento de Selic em queda ou em alta, os ETFs — principalmente aqueles com exposição internacional — podem fazer sentido para a carteira do investidor. Porém, é importante considerar seu perfil e objetivos pessoais no momento de decidir sobre um investimento.
Além disso, pode ser interessante buscar ETFs com exposição a nichos de mercado sólidos — como o setor de tecnologia nos Estados Unidos. Assim, você tem condições de usufruir de novos movimentos de expansão — o que poderia impactar positivamente o seu portfólio.
Agora você sabe o que são ETFs e como eles podem ser usados para aproveitar cenários de alta — e também de queda —da Selic. Assim, avalie a opção para determinar se ela se alinha às suas necessidades, sempre considerando o seu perfil de risco e objetivos financeiros.
Aproveite o assunto para complementar a leitura e entenda por que é importante diversificar os seus investimentos!