A Educação Financeira consiste em um conjunto de práticas, ações e ideias que permitem a uma família ou empresa gerir melhor os seus recursos. Isto implica em planejamento e controle de gastos, apuração de receitas e adoção das melhores estratégias de aplicação do dinheiro.
A primeira tarefa de quem inicia um planejamento financeiro é ANOTAR os gastos! Muita gente acha irrelevante registrar aquela corrida inesperada no aplicativo de transportes ou aquela deliciosa refeição, mas controlar o que você gasta é essencial. Pode ser que você esteja exagerando e, por isso, anotar os gastos pode trazer oportunidades de ter um orçamento mais equilibrado. Tanto nas despesas fixas (aquelas que são rotineiras e variam pouco, como aluguel, água, energia etc.) como nas despesas variáveis (sujeitas a maior variabilidade, como passeios e lazer em geral), é possível notar itens que podem ser economizados. Será que sua tarifa bancária não está cara demais? Saiba que é possível sempre trocar por outra mais barata. E o plano de celular ou internet? Veja se não é possível renegociá-los. Tendo todos esses valores em uma planilha fica mais fácil visualizar onde há possíveis excessos.
Se você conseguiu controlar gastos e receitas, o passo seguinte é encontrar formas de fazer o dinheiro trabalhar para você. Neste blog já fizemos muitos textos sobre opções de aplicações e investimentos. Renda fixa, ações, ETFs, fundos de investimento, BDRs e muitos outros. A ideia é deixar de ser um devedor, eliminar ou reduzir dívidas (sobre as quais incidem juros sobre juros) e passar a ser credor. Assim, você muda de lado na engrenagem do sistema financeiro. Deixa de ser um tomador de recursos para ser um financiador. E como prêmio, recebe algum rendimento.
É certo que vivemos um bombardeiro de propaganda de todos os tipos. Vivemos em uma sociedade de consumo e isso é relativamente normal. As empresas necessitam de clientes e por isso investem pesado em divulgação. Mas você já parou para pensar que pode ter autocontrole e não ser tão influenciável pelo que está ao seu redor? O processo educativo (e aqui se inclui a educação financeira) tem como finalidade a autonomia do indivíduo. Em outras palavras, ser um cidadão educado é saber utilizar o conhecimento adquirido para ter controle sobre suas próprias decisões. No caso da educação financeira, significa controlar seu dinheiro, conduzi-lo para fins previamente determinados por você mesmo. E, neste quesito, é essencial o controle das emoções. O consumo tem um fator psicológico, todos sabemos. Em um dia difícil, estamos mais propensos a entrar em um shopping e gastar mais do que deveríamos. Tudo para conquistar uma (enganosa) sensação de alívio. Por isso, a racionalidade e uma certa disciplina são aliadas da educação financeira. A propósito, algo muito importante para ter foco e direcionar sua vida financeira – e, com isso, controlar as emoções – é estabelecer metas. Elas podem ser baseadas em itens concretos – um curso, uma viagem, a consolidação de um patrimônio, a compra de um carro ou serem, simplesmente, financeiras.
Não tenha vergonha em estabelecer pequenas metas. Muito pelo contrário. Cada um atua de acordo com as suas possibilidades. A educação financeira é para todos. Até porque, você também aprenderá muito no processo. Terá que estudar, ler e ver vídeos sobre o assunto.
Embora as ações individuais sejam importantes, muita coisa em nossa vida financeira é determinada em outras esferas, como na política e na economia. Para você entender sobre investimentos, terá que analisar em alguma medida o cenário econômico. Saber como a política monetária pode afetar a rentabilidade de um ativo, por exemplo. Fizemos um texto explicando isso, aqui. Muitas vezes seu planejamento financeiro pode ser atrapalhado ou ajudado por questões políticas e econômicas. O nível de crescimento econômico, a taxa de desemprego, as escolhas políticas dos governos, a economia internacional, tudo isso também faz parte do trajeto de quem busca a educação financeira. Por isso, os sites e canais de análise do mercado financeiro estão sempre divulgando notas e boletins sobre esses assuntos.
Estar atento ao noticiário econômico e financeiro é importante mas, antes disso, procure sites, livros e canais que te ajudem a organizar sua vida e seu dinheiro. Conversar com profissionais do ramo também é bom. Você pode também organizar grupos de estudo e de conversa sobre o tema em sua escola, faculdade ou na vizinhança. Hoje, com a internet, isso fica mais fácil também. De preferência, procure apoio de pessoas com formação e conhecimento na área. Um fato importante de mencionar é que a educação financeira será matéria obrigatória na Base Nacional Comum Curricular. Isso significa que o tema será tratado desde cedo nas escolas, o que ajudará na formação de cidadãos mais preparados para este tema.